A parceria de três quartos de século entre EUA e Israel para a limpeza étnica na Palestina é caso de manual para outra parelha bem conhecida da História: aquela entre as carnificinas e o cinismo dos carniceiros – e dos ajudantes dos carniceiros – diante das pilhas de corpos trucidados.
Na semana passada, centenas de pessoas foram mandadas pelos ares numa grande explosão no pátio do hospital Al-Ahli, na cidade de Gaza, enquanto Joe Biden pegava um avião para Tel Aviv. Chegando à capital do Estado terrorista de Israel, Biden deu um abraço em Benjamin Netanyahu e disse ao pé do ouvido de “Bibi”, sobre a explosão no hospital: “parece que foi obra do outro lado, não de vocês”.
Nesta semana, o jornal The New York Times derrubou a principal “prova” alardeada por Israel e pelos EUA de que o ataque ao hospital Al- Ahli tinha sido “obra do outro lado” – um vídeo que supostamente mostrava um foguete extraviado da Jihad Islâmica como a causa da explosão. A “prova” era furada.
A maior indicação sobre de quem foi a “obra” no hospital Al-Ahli, carnificina dentro da carnificina, é justamente o conjunto da obra: desde o dia 7 de outubro até o último dia 25, Israel tinha lançado 12 mil toneladas de explosivos na Faixa de Gaza, o equivalente à bomba nuclear lançada pelos EUA em Hiroshima em 1945.
Isso numa área de 365 quilômetros quadrados onde se espremem 2,3 milhões de pessoas. Ou, como diria o ministro da Defesa de Israel, mais de dois milhões de “animais humanos”. Só de crianças já morreram em Gaza, em duas semanas de ataques terroristas de Israel, mais de três mil “filhotes de animais humanos”, mais que todos os mortos nos ataques terroristas do 11 de setembro de 2011 nos EUA.
“Não atacamos hospitais”, diz Tel Aviv, secundado por Washington.
Até a última segunda-feira, 23, a Organização Mundial da Saúde já tinha documentado 20 hospitais, outras 35 instalações de cuidados de saúde e 24 ambulâncias atingidos por Israel na Faixa de Gaza desde o dia 7, resultando em 16 mortes e 30 feridos entre os profissionais de saúde em serviço.
E jornalistas em serviço?
Vinte e nove jornalistas já morreram enquanto trabalhavam na Faixa de Gaza desde o último dia 7 em bombardeios de Israel.
O chefe do escritório da Al Jazeera em Gaza, Wael Dahdouh, não está entre eles, mas sua esposa, dois filhos, de 15 e sete anos, e um neto foram mortos num bombardeio israelense ao campo de refugiados de Nuseirat, na última quarta-feira, 25, uma semana após o ministro das Comunicações do sionismo ameaçar fechar a operação da Al Jazeera em Israel.
Nesta sexta-feira, 27, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, foi perguntado numa coletiva de imprensa em Washington se os EUA estão preocupados com a possibilidade de Israel mirar jornalistas e familiares de jornalistas na Faixa de Gaza. Kirby respondeu que há “zero evidência” de que isso esteja acontecendo.
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