“América do Sul! América do Sul!”, debocharam os presentes quando Adolf Hitler atravessou o salão da cervejaria Bürguerbräukeller, em Munique, em novembro de 1923, escoltado por milícias nazistas e com uma pistola Browning na mão, interrompendo o discurso do mandachuva bávaro Gustav von Kahr.

“A maioria dos presentes, apesar de sua tendência nacionalista e conservadora, não tinha a menor simpatia por aqueles nazistas rudes e violentos”, conta a jornalista brasileira Silvia Bittencourt em seu livro “A cozinha venenosa: um jornal contra Hitler”.

E está na página 135 de “A cozinha venenosa”:

“Hitler abriu o jogo: depois de meses negando sua intenção de dar um golpe, agora pedia apoio ao ‘triunvirato’ para a reformulação do poder do Estado”.

As referências são ao célebre “Putsch da Cervejaria”, tentativa de golpe desencadeada por Hitler em 1923 em Munique, e, quanto ao “triunvirato”, tratava-se de Kahr, do chefe do Exército e do chefe de polícia da Baviera, todos torcedores do Bayern de Munique e todos conduzidos a uma sala reservada da Bürguerbräukeller por um Hitler com sua Browning em punho.

“O líder nazista sabia – conta Silvia Bittencourt – que sem a ajuda do Exército e da polícia bávara não teria chances de chegar à capital. Por isso precisava, de qualquer jeito, incluir Kahr e seus comparsas na empreitada. Mostrando sua arma, também afirmou tratar-se de uma questão de vida ou morte: ‘Se a coisa der errado, tenho quatro balas na minha pistola. Três para meus assessores, se me abandonarem, e a última para mim'”.

Lembra o “prisão, vitória ou morte” dito às vésperas do 7 de setembro golpista pelo cosplay de führer aqui do Tupinanreich.

O “Putsch da Cervejaria” fracassou e Adolfo, cuzão, não cumpriu a promessa de meter uma azeitona na própria têmpora. Mas foi preso, um Himmels Willen, for God sake, pelo amor de Deus. O resto da história, e todos a conhecem, mostra que nem isso adiantou.

Já Jair, depois do 7 de setembro golpista, foi discursar na ONU. É que as instituições, as brasileiras e as multilaterais, seguem funcionando normalmente.

É que nada, absolutamente nada, a gente aprende com a História.

E olha que, no “Putsch da Cervejaria”, uma fila de caminhões estacionou nas cercanias da Bürguerbräukeller para desembarcar centenas de nazis armados da SA e da Kampfbund, todos obedientes a Hermann Göring.

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