Tempos atrás, eram febre nas redes os memes realmente muito engraçados sobre o processo de lapidação, digamos assim, de frases de moldura cunhadas por notórios pensadores.

Exemplos:

Nesta semana, Ives Gandra Martins, jurista predileto do Partido Golpista Militar, parecerista da ideia milico-degenerada de que a Constituição brasileira dá às Forças Armadas um “poder moderador”, nesta semana, dizíamos, Ives Gandra dará uma palestra para militares no Rio de Janeiro, em agenda do sistema de ensino das Forças Armadas.

A palestra de Ives Gandra para militares vai acontecer poucos dias após a Polícia Federal enviar ao STF um relatório no qual o palestrante e ajudante de golpe é apontado como o consultor, o “pensador” jurídico por trás de uma minuta de decreto golpista encontrada no celular do tenente-coronel e ajudante de ordens Mauro Cid.

Ideia de meme:

“O Judiciário não respeita a independência entre os poderes, foi um partido de oposição a Bolsonaro. O TSE interferiu no processo eleitoral. Artigo 142 neles! 1964 não foi golpe, foi movimento, e não foi um atentado à Democracia não”.

“Mas professor…”

“Tá bom, então bota aí: O Estado Democrático de Direito e o Protagonismo do Judiciário”.

A palestra “O Estado Democrático de Direito e o Protagonismo do Judiciário”, do professor doutor Ives Gandra da Silva Martins, acontece nesta quinta-feira, 22, na Escola Superior de Guerra das Forças Armadas, na Mui Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Político-Estratégico

Em outubro do ano passado, entre o primeiro e segundo turnos da eleição, o general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira era ministro da Defesa e dos Ataques às Urnas Eletrônicas, empenhado não exatamente em provar, mas em bafejar aos quatro ventos a hipótese de que as urnas tivessem sido infectadas por um malware para mudar votos em Bolsonaro para Lula.

Naqueles dias especialmente turbulentos, quando se empenhava na missão de lançar ciberdúvidas sobre as urnas eletrônicas, o general Paulo Sergio arranjou um tempinho para alinhavar e fazer publicar no Diário Oficial da União uma portaria criando um novo curso da Escola Superior de Guerra, visando preparar militares “para o exercício de funções de assessoramento em nível Político-Estratégico” no âmbito do “espaço cibernético”.

A portaria foi publicada em 20 de outubro, dia seguinte ao anúncio do Ministério da Defesa de que a pasta não divulgaria o relatório de “fiscalização” das urnas por militares antes do segundo turno.

Ideia de meme:

“Não sei se vai dar dessa vez. Tá difícil. O relatório que nosso pessoal fez, essa coisa de que não achamos fraude, mas também não descartamos, sei não, acho que não vai colar. Mas vamos nos preparar melhor e na próxima eles não levam não!”.

“Olha, general…”

“Beleza. Ok. Então escreve assim: Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Superior de Segurança e Defesa Cibernética”.

As aulas do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Superior de Segurança e Defesa Cibernética da Escola Superior de Guerra começam no próximo 31 de julho.

Tomás Paiva sem filtro

Já o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, atual comandante do Exército, este dispensa ideias de meme.

Em 2017, quando era chefe de gabinete do general Eduardo Villas Bôas, na época comandante da Força, Tomás Paiva foi instado a falar sobre uma resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PT em 2016, logo após a abertura do processo de impeachment contra Dilma Roussef; especificamente sobre um trecho da resolução no qual o partido dizia, diante da derrocada, que os governos petistas deveriam ter atuado para alterar o sistema de promoção das Forças Armadas e o currículo das escolas militares.

Tomás Paiva não pestanejou, não lapidou nada, e cravou:

“Foi uma coisa burra”.

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