Repetindo a receita de Jair Bolsonaro – e, antes, de Donald Trump -, o “libertário” (eufemismo para neofascista) Javier Milei vem apostando forte no espectro da fraude eleitoral às vésperas do segundo turno da eleição presidencial na Argentina, que acontecerá neste domingo, 19.
Na última semana da campanha, o advogado da coligação Liberdade Avança, Santiago Viola, e a irmã de Javier Milei, Karina Milei, apresentaram à Justiça Eleitoral argentina uma denúncia tentando implicar a gendarmaria – polícia militar – em suposta fraude eleitoral no primeiro turno, realizado em 22 de outubro.
Segundo a denúncia, “a gendarmaria alterou o conteúdo das urnas e alterou ou substituiu os registos de votação”. Já viu esse filme?
“Uma fraude colossal”, foram as palavras usadas.
Ganha um tour no Museu da Escola de Mecânica da Armada, maior centro de tortura da hipersanguinária ditadura argentina, aquele que adivinhar quem foi que o advogado e la hermana pediram à Justiça Eleitoral que atuasse na “custódia e segurança” do segundo turno. Isso mesmo, a Armada…
Já viu esse filme também?
Porém, chamado às falas pela Justiça Eleitoral, para apresentar provas da denúncia, Santiago Viola recuou. “Não denunciamos as ações de nenhuma força de segurança”, disse o advogado. “Como se nada tivesse acontecido”, pontuou o jornal Página 12, de Buenos Aires, neste sábado, 18.
“Dizer e desdizer tem sido uma constante na campanha de Javier Milei”, lembrou ainda o jornal.
“Denúncias” de fraude eleitoral e dizer e voltar atrás, deixando o estrago feito – não sem a ajuda dos algoritmos -, têm sido constantes no recrudescimento da extrema direita mundo afora.
Além das estratégias, certas figuras das sombras também se repetem nos staffs, por assim dizer, das figuras locais de proa da marcha global para trás. Steve Bannon é o exemplo mais notório de mercetário – mercenário libertário.
Outro, menos, atende por Fernando Cerimedo, o argentino dono de uma agência de marketing digital que no ano passado protagonizou a live “Brasil Was Stolen” (“O Brasil Foi Roubado”) poucos dias após a eleição de Lula e duas semanas depois de ter sido visitado na Argentina por Eduardo Bolsonaro.
Antologia de mentiras sobre o sistema brasileiro de votação eletrônica, a live “O Brasil foi roubado” serviu de combustível para os acampamentos golpistas na frente de quartéis e foi uma avant-première dos relatórios pós-eleitorais do PL e dos militares que levantaram dúvidas sobre o sistema brasileiro de votação eletrônica.
A live “Brasil Was Stolen” serviu de combustível e foi show de abertura, portanto, para o 8/1, e Come Ananás já mostrou todas as ligações de Eduardo Bolsonaro com o testa de ferro da live e as “merdas” de Eduardo Bolsonaro na Argentina durante a fermentação da tentativa de golpe no Brasil.
Os nomes de um major da reserva do Exército e de um analista de dados vinculado ao PL de Jair Bolsonaro apareceram na pasta do Google Drive onde Cerimedo armazenou os arquivos e dados que serviram de base para a sua “auditoria”.
Já mostramos também que Cerimedo, animador de atos bolsogolpistas no Brasil, vem tentando instalar o espectro da fraude eleitoral na Argentina, preventivamente a uma derrota de Milei, pelo menos desde agosto.
Além de Cerimedo, outros dois argentinos, dois jovens argentinos, são figurinhas repetidas na tentativa de golpe contra a eleição de Lula no Brasil e na grita em curso de “fraude eleitoral” na Argentina.
O primeiro é Giovanni Larosa, um funcionário de Cerimedo que no ano passado foi contratado pela campanha de Eduardo Bolsonaro como “assessor para assuntos internacionais”.
O outro é Ezequiel Acuña, que ciceroneou Eduardo em Buenos Aires na visita do deputado a Cerimedo antes da live “Brasil Was Stolen”, e que, no dia e hora da live, publicou a foto abaixo em seu perfil no ex-Twitter, parecendo estar in loco, no estúdio improvisado.
E quem um dia irá dizer que existe padrão nas coisas feitas em conspiração? E quem irá dizer que não existe padrão?
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