Em um grande acordo com a Justiça Eleitoral, com tudo, parece que no julgamento da chapa Bolsonaro-Braga Netto a conduta do capitão e do general serão “particularmente avaliadas”, com tendência de Bolsonaro ser declarado inelegível nos anos vindouros e Braga Netto ficar livre para disputar eleições.
Caso o TSE acolha a recomendação do Ministério Público Eleitoral, que foi esta, ficará livre para disputar eleições aquele que comandou o “QG do golpe” em Brasília após a vitória de Lula – e não estamos falando do QG do Exército – e que disse a líderes de bloqueios golpistas em estradas que não perdessem a fé – no golpe.
No dia 19 de novembro do ano passado, o portal Metrópoles publicou uma reportagem de Sarah Teófilo e Rodrigo Rangel mostrando como uma casa no Lago Sul de Brasília que foi alugada para sediar o comitê da campanha de Bolsonaro acabou, após as eleições, transformada em local de reuniões bolsonaristas para definir estratégias de contestação do resultado das urnas.
As reuniões eram comandadas por Braga Netto.
Horas antes de a reportagem ser publicada, o Metrópoles flagrou um homem entrando na casa usando uma camiseta com inscrições pedindo intervenção militar. Uma Amarok que no fim do dia foi vista estacionada na frente do QG do Exército estava, mais cedo, estacionada na frente da casa do Lago Sul encimada com a bandeira nacional.
Naquele mesmíssimo dia da reportagem do Metrópoles, começou a circular nas redes sociais um vídeo no qual o candidato a vice na chapa derrotada no segundo turno da eleição presidencial aparecia dizendo assim, na frente do Palácio da Alvorada, a um grupelho de oriundos dos acampamentos golpistas na frente do QG do Exército, em Brasília, e do Comando Militar do Nordeste, em Fortaleza, para cobrar intervenção militar:
“Vocês não percam a fé. É só o que eu posso falar pra vocês agora”.
Na época, o vídeo viralizou e chegou aos trending topics do Twitter, com a hashtag #BragaNettoNaCadeia.
Come Ananás mostrou na época que entre aqueles a quem Braga Netto tranquilizou os corações naquele dia estavam uma líder de bloqueio de estrada no Rio Grande do Sul e o vice-presidente de uma empresa de fumicultura denunciada por assédio eleitoral a seus funcionários em favor da chapa Bolsonaro-Braga Netto.
‘Eles’ quem?
Braga Netto é cotado para disputar a prefeitura do Rio de Janeiro em 2024. O general foi o chefe da Intervenção Federal na Segurança Pública do estado do Rio em 2018. A vereadora Marielle Franco foi assassinada logo no início da intervenção. Logo após a intervenção, Braga Netto disse à revista Veja que Marielle morreu devido a uma “má avaliação” dos mandantes do crime: “acharam que ela era um perigo maior do que o que ela era”.
Mas até hoje o general não deu nomes, tampouco foi instado a isso.
Caso o TSE permita, Braga Netto seja candidato a prefeito do Rio e vença a eleição, os cariocas terão eleito o homem que sabe quem mandou matar Marielle, mas não diz.