A campanha de Javier Milei na Argentina já levanta a bola de que, sem fraude, o “libertário” pode ser eleito presidente do país no primeiro turno, marcado para 22 de outubro.

É um filme já visto no Brasil, literalmente: o encarregado da fiscalização de zonas eleitorais da coligação Liberdade Avança, de Milei, é o “consultor” Fernando Cerimedo, o argentino ligado a Eduardo Bolsonaro que no dia 4 de novembro do ano passado, cinco dias após a eleição de Lula, apresentou na internet a live “O Brasil foi roubado”. Na época, a live viralizou nas redes bolsonaristas e impulsionou os acampamentos golpistas que pediam intervenção militar contra o resultado das eleições no Brasil.

No último 16 de agosto, em uma entrevista ao jornal El Cronista, de Buenos Aires, Cerimedo disse que se a coligação Liberdade Avança conseguir aumentar o número de fiscais próprios na eleição de outubro, em relação às primárias, “tenho certeza que podemos melhorar 5% nos resultados de alguns município [da grande Buenos Aires], assim como em outros pontos do país”.

No mesmo dia, em uma entrevista ao La Nación, Milei, que teve 30% dos votos nas primárias, também disse que, por falta de fiscalização, a Liberdade Avança foi roubada em cinco pontos percentuais, afirmando que, “se não tivesse havido fraude, eu estaria falando de 35 pontos. Temos os estudos para comprovar… Estaríamos na iminência de vencer no primeiro turno”.

No Brasil, o caldo para a tentativa de melar as eleições de 2022, que entornou no 8/1, começou a ser fervido com Jair Bolsonaro afirmando, lá atrás, que teria vencido as eleições de 2018 no primeiro turno, não fosse uma suposta fraude eleitoral. No primeiro turno de 2018, Bolsonaro teve 46% dos votos. Faltaram-lhe quatro pontos para evitar o segundo, praticamente o mesmo percentual que Milei e Cerimedo agora já deixam no ar.

No ano passado, Come Ananás mostrou exaustivamente que a “busca por anomalias nas urnas” e o hasteamento de suspeitas sobre um “código malicioso” no sistema brasileiro de votação eletrônica foram a tônica do acossamento das Forças Armadas ao processo eleitoral no Brasil.

Na live “O Brasil foi roubado”, Fernando Cerimedo usou e abusou da palavra “anomalias”, atribuídas por ele, ou melhor, por quem o abasteceu e instruiu, a um “código malicioso” inserido nas urnas eletrônicas.

No dia 11 de dezembro do ano passado, Cerimedo compartilhou no Twitter os arquivos de dados nos quais ele se baseou para fazer as acusações de fraude na eleição brasileira na live “O Brasil foi roubado”. No dia seguinte, o cientista de dados Marcelo Oliveira identificou que um dos arquivos tinha como proprietário Angelo Denicoli, militar da reserva que integrou o o governo Bolsonaro, primeiro no Ministério da Saúde, depois como assessor da Presidência da Petrobras.

E ainda isso:

Semanas antes da veiculação da live “O Brasil foi roubado”, entre o primeiro e o segundo turnos no Brasil, Eduardo Bolsonaro foi à Argentina encontrar Fernando Cerimedo – e Javier Milei. Eduardo Bolsonaro desembarcou em Buenos Aires acompanhado de Giovanni Larosa, funcionário de Cerimedo e apresentado pelo próprio site do “consultor”, o La Derecha Diario, como “assessor de Eduardo Bolsonaro para assuntos internacionais”.

Javier Milei, Giovanni Larosa, Eduardo Bolsonaro e Victoria Villarruel, vice de Milei.

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