Fernando Bezerra, líder do governo no Senado, e Ricardo Barros, líder do governo na Câmara (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado).

Lançado em 2003, por Lula, o programa federal de instalação de cisternas em casas do semiárido nordestino é mais um programa social de sucesso destruído por Jair Bolsonaro. O programa chegou a entregar 100 mil cisternas em um só ano e estava prestes a chegar à marca de um milhão de unidades instaladas, quando o verme pôs a mão.

Em 2021, até agora, foram não mais que três mil reservatórios de água para quem a água que sacar será um tiro seco, e secará.

Por outro lado, o prefeito Miguel Coelho, de Petrolina, em Pernambuco, vem fazendo grande propaganda da entrega de mil cisternas – um terço do que o governo Bolsonaro instalou ao longo do ano em todo o Nordeste – só para a zona rural da cidade, e só para quem nas últimas eleições pendurou galhardetes dos candidatos da família Coelho nas portinhas das suas casas miseráveis, segundo reportagem publicada pela Folha no último fim de semana.

Na esteira do desmonte do Programa Cisternas, a distribuição algo miliciana de reservatórios na zona rural de Petrolina vem sendo financiada por elas, as emendas de relator, ou melhor, pelo quinhão das emendas de relator reservado para o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, que é pai do prefeito Miguel Coelho.

Fernando Bezerra Coelho, líder do governo no Senado, e Rodrigo Pacheco, presidente da Casa (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado).

Petrolina, nem chegaste a perceber, mas o esquema das cisternas do líder do governo no Senado é ainda algo similar ao “negocionismo” com as vacinas contra a covid-19 operado pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, que durante a pandemia traficava em Brasília farmacêuticas ligadas a seus chegados enquanto Bolsonaro e seus ministros da Saúde sabotavam a Pfizer, o Butantã e o consórcio Covaxx Facility.

Aliás, enquanto as cisternas do Programa Cisternas costumam ser de alvenaria, movimentando pedreiros e comerciantes locais, as cisternas da família Coelho são de polietileno e já chegam todas trabalhadas nas veredas do orçamento secreto, como os tratores de Davi Alcolumbre no Amapá, e no coronelismo do século XXI.

Mas esses não são todos os líderes do presidente. Tem ainda o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes, outro do MDB, este do Tocantins. Eduardo Gomes tem como suplente o dono do laboratório mineiro Cristália, Ogari Pacheco. Vários sócios da farmacêutica doaram ao todo R$ 2,1 milhões para a candidatura de Gomes ao Senado – 87% do total declarado pelo senador à Justiça Eleitoral.

Com Gomes eleito, Ogari tornou público aquilo que comprou: “No acordo que eu tenho com o Eduardo, ele é que vai tomar posse, mas eu vou começar a trabalhar já, não vou esperar assumir o mandato para trabalhar. Eu vou ter dentro do gabinete do Eduardo um ‘subgabinete’. As matérias de saúde vão ficar sob minha responsabilidade”.

Em 2020, primeiro ano da pandemia, a Cristália duplicou suas vendas de cloroquina, mas a empresa atribuiu o up nos negócios à “flutuação dos casos de malária”…

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