Foto: Caroline Ferraz/Sul21.

No momento em que setores das Forças Armadas irmanam-se a Jair Bolsonaro em movimentações autogolpistas, o antigo soldado 939 Lazari gravou um vídeo dizendo-se ainda de prontidão para, da cadeira de CEO do Bradesco, cumprir eventuais e quaisquer missões castrenses que lhe sejam confiadas.

Tudo sob o silêncio do seu chefe, o conselho de administração do banco, o que basta para dar outra conotação ao sobrenome do chairman – Trabuco.

Com o vídeo, o CEO 939 Lazari deixa no chinelo o banqueiro suíço Yvan de Wiel, personagem do filme Azor que viaja às pressas para a Argentina durante a ditadura da junta militar para atender a clientes da elite portenha que, antes, tratavam com seu sócio desaparecido.

Por mais que ninguém faça muita questão de esconder que René Keys foi sumido pela ditadura, Yvan de Wiel passa o filme pedindo desculpas a seus clientes reacionários, “em nome do Banco Keys Lamar de Wiel”, pela ausência repentina do seu sócio: “René Keys não assume suas responsabilidade. É lamentável”.

No afã puxa-saquista, de Wiel chega mesmo a dizê-lo a um velho estancieiro devastado pelo sumiço, também pela ditadura, de sua filha democrata, sua filha preferida. Sobre seus outros dois filhos, dois rapazes, o estancieiro diz ao banqueiro, logo a quem, que “eles só especulam. Só pensam em dinheiro”.

Não é o caso do Bradesco, segundo o slogan do banco. O slogan do banco do soldado 939 Lazari é “colocando você sempre à frente”.

Nestes tempos, isto não é slogan; é ameaça!

‘A ponta’

Na mesma semana em que circulou o vídeo do CEO do Bradesco puxando o saco do Exército que atrasa busca por desaparecidos na Amazônia, a maior cooperativa de crédito do país, a Sicoob, patrocinou um congresso bolsonarista em Goiânia, Goiás, no qual participantes posaram para fotos armados com fuzis e uma liderança armamentista conclamou os colecionadores, atiradores e caçadores desta várzea a reagirem “não só aos bandidos”.

No ano passado, a Sicoob já tinha estampado seu logotipo num outdoor com slogan integralista e convocatório para o 7 de setembro golpista de Jair Bolsonaro.

E o que dizer da maior corretora de valores do Brasil, que cancelou a divulgação de uma pesquisa de intenções de voto cujo resultado foi favorável a Lula, desfavorável a Bolsonaro, o que desagradou “a ponta”.

A ponta, no caso, não é a “ponta de praia”, local de desova de corpos de presos políticos na Ditadura com que Bolsonaro ameaça opositores do indicativo presente. No caso, “a ponta” são, no grosso, clientes da XP ligados ao “agronegócio”, ou seja, ao latifúndio.

E por falar neles, nos clientes latifundiários da XP, a principal associação de produtores de milho e soja do Brasil, a Aprosoja, é a grande patrocinadora do CPAC Brasil 2022, evento bolsofascista organizado por Eduardo Bolsonaro que acontece neste fim de semana em Campinas, São Paulo.

Dois pontos

E um dos sócios da XP, Pablo Spyer, também faz dobradinhas com Eduardo Bolsonaro. E a Associação Comercial do Rio de Janeiro aplaude, em peso, ameaças golpistas de Jair Bolsonaro, a menos de quatro meses das eleições. E ninguém lembra mais que há poucos meses clientes do Banco Santander receberam um relatório simpático a um golpe – outro – contra Lula.

Há poucas semanas, com a visita relâmpago a Jair Bolsonaro de Elon Musk, uma das figuras mais poderosas do mundo, babou um dos dois principais pontos levantados pelos mais céticos sobre as chances de Jair Bolsonaro conseguir levar a cabo um autogolpe: a suposta falta de apoio externo.

Sobre o outro ponto, a falta de apoio do capital, as movimentações de alguns dos maiores grupos financeiros do Brasil estão aí, cristalinas, para informar sobre ele.

A diferença de todo esse PIB para os lojistas do Brás que na última segunda-feira, 6, agrediram, despiram, rasparam a cabeça, escreveram insultos na testa, humilharam de toda forma uma mulher paraguaia que acusavam de ter furtado uma bugiganga; a diferença, dizíamos, é zero.

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