Adriano Pires (Foto: Câmara dos Deputados).

Em artigo publicado em outubro do ano passado, o economista Adriano Pires, que deve render o general Silva e Luna na presidência da Petrobras, apontou alternativas para “estabilizar” os preços da gasolina e do óleo diesel no Brasil “sem necessidade de intervenção na companhia”, mas deixou bem clara a ideia que tem na cabeça: “a solução definitiva só virá com a privatização da Petrobras”.

O título do artigo é “Solução final para preços dos combustíveis é privatizar a Petrobras”.

Sobre as alternativas de momento, Adriano Pires apontou desde a criação de um Fundo de Estabilização de Preço com parte da receita com os royalties, passando pela Cide e até pela possibilidade de reativação da velha conta petróleo.

Sobre a “solução final”, o doutor em Economia Industrial pela Universidade de Paris XIII foi, digamos, mais trivial: “enquanto a empresa for de economia mista, tendo o Estado como controlador, os seus benefícios corporativos e as práticas monopolistas serão mantidos – a favor da corporação e, muitas das vezes, contra os interesses do Brasil”.

Por conflito de interesses com suas atividades no setor privado, conflito “evidente” com os interesses do Brasil apontado pelo Ministério Público junto ao TCU no início do governo Bolsonaro, Adriano Pires foi levado a renunciar ao cargo que ocupava no Conselho Nacional de Política Energética.

Pires havia sido indicado para o CNPE no final do 2018, ainda no governo Temer, e o convite partiu do então ministro das Minas e Energia, Wellington Moreira Franco, que foi o grande artífice do acelerado desmonte do Sistema Petrobras após o golpe de 2016.

Adriano Pires é sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que tem escritórios no Itaim Bibi e no Leblon. Às “consultorias típicas de boutique de investimentos” do CBIE para o setor de óleo e gás recorrem a Shell, a Chevron, a ExxonMobile e a Embaixada dos Estados Unidos da América, entre outras aves necrófagas.

O site do centro, porém, não chama seus clientes de clientes, mas sim de os que “confiam no CBIE”. Quem também confia no CBIE é o BTG Pactual, fundado por Paulo Guedes e, numa piada pronta de mau gosto, a rede de postos Ipiranga.

Em outubro do ano passado, menos de uma semana após a publicação do artigo de Adriano Pires, o Posto Ipiranga Paulo Guedes defendeu a privatização imediata da Petrobras, soltando a famosa frase “a Petrobras vai valer zero daqui a 30 anos”.

Já faz 30 anos que Adriano Pires atua no setor de óleo e gás, fazendo análises de gaps, business plannings e due-diligences para todo mundo que fala inglês e que sonha com o dia da “solução final” para a Petrobras.

Entre os serviços que a consultoria de Adriano Pires oferece ao setor de óleo e gás estão “modelagem econômico-financeira para avaliação de ativos, privatizações, laudo de avaliação de ativos, fairness opinions, assessoria para desenvolvimento de projetos e participações em leilões“.

O CBIE também oferece aos “players” do setor de óleo e gás um acompanhamento em tempo real dos principais projetos referentes à área em tramitação no Congresso Nacional.

Bem-vindo, Adriano Pires, à Petrobras e ao clube de várzea do ex-juge que levou empresas brasileiras à falência e depois foi contratado pela consultoria americana que papou as massas falidas; do ministro da Economia que mantém uma conta em dólar num paraíso fiscal; do vizinho de miliciano-matador-de-vereadora que virou presidente da República.

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