A B3, monopólio do mercado de capitais no Brasil, inaugurou nesta terça-feira, 16, na calçada em frente ao seu edifício-sede no centro de São Paulo, uma táurea e áurea escultura de três metros de altura, cinco de comprimento, dois de largura e uma tonelada batizada de “Touro de Ouro”.
Depois das estátuas da liberdade da Havan, agora mais este monumento ao soçobro nacional, à semicolônia Brasil: o “Touro de Ouro” da rua XV de Novembro não é esculpido em carrara – é de fibra de vidro -, mas é cuspido e escarrado o Charging Bull de Wall Street.
De modo que este 51º estado americano parece cada vez mais perto de ver os rostos de Donald Trump, Steve Bannon, quem sabe Olavo de Carvalho e dele, Jair Bolsonaro, esculpidos por Romero Britto no pico das Agulhas Negras, transformado em versão “onda conservadora” do Monte Rushmore.
Ali, pertinho da Academia Militar das Agulhas Negras, a Aman, que cuspiu, escarrou Jair Bolsonaro para o Brasil.
E como o Brasil é o país das “narrativas”, o responsável pelo desenho do enorme ungulado dourado da B3, o artista plástico Rafael Brancatelli, sentiu-se à vontade para dizer que seu touro, chupado do USA, tem um “conceito original”.
A Brancatelli tampouco faltou desembaraçado para afirmar que seu touro e da B3 representa a “força do povo brasileiro”. Logo a bolsa, famosa por sempre tombar ao menor sinal, ora viva, de força do povo brasileiro.
Como ainda ontem, em setembro, tombaram as ações da B3 quando o MTST ocupou o edifício-sede da bolsa exigindo a distribuição de cinco mil cestas básicas para famílias miseráveis da periferia de São Paulo, em nossa recente, tímida e fugaz versão do Occupy Wall Street.
E nesta quarta-feira, 17, Mônica Bergamo dá conta, na Folha, do temor de lideranças do PT de que o mercado tente derrubar Lula para colocar Alckmin em seu lugar, na eventualidade de sair a chapa Lula-Alckmin e de a chapa sair vitoriosa em 2022.
Já botaram até o touro na rua, em posição de investida. Mas quem poderia imaginar uma coisa dessas no Brasil, não? O mercado atuar para escornar um presidente e botar o Michel, ou melhor, o Geraldo.
Mas, no caso de uma nova grande surpresa dessas ou outros falhanços eventuais, ainda teremos os testículos do “Touro de Ouro” da B3. Tocá-los, dizem que dá sorte.

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