Francisco Maximiano, da Precisa, chega para depor à CPI da Covid-19 (Foto: Pedro França/Agência Senado).

O dono da Precisa, Francisco Maximiano, em uma das poucas respostas que dá nesta quinta-feira, 19, na CPI da Covid, disse que a empresa tem hoje apenas um contrato ativo com o Ministério da Saúde. É um contrato para fornecimento de preservativos femininos.

É uma longa e lamentável história.

Corria o ano de 2017, governo golpista de Michel Temer. O Ministério da Saúde, que tinha como titular Ricardo Barros, lançou um edital para a compra de preservativos femininos, uma bandeira levantada por Barros quando esteve à frente da pasta – uma bandeira inesperada de ser empunhada por esta figura, digamos, da República.

O edital previa, para composição do preservativo, o uso de látex. Entidades feministas imediatamente protestaram: o uso de látex para preservativo feminino, qualquer conhecedor da matéria sabia, não era, não é algo apropriado, porque reduz a sensibilidade sexual da mulher, é inadequado para usar internamente e pode causar pruridos e reações alérgicas.

Na época, circulou na internet o abaixo-assinado “Movimento Primavera Feminista, Látex, não!”.

Diante da sonora reação contrária, houve recuo. Passaram-se uns meses. Depois, a fórceps, lá estava publicado o edital com látex, com tudo, como diria Romero Jucá. Barros já não era mais ministro, mas só porque precisou – com trocadilho, com tudo – se “desincompatibilizar” para disputar a eleição de 2018. Em seu lugar, entrou Gilberto Occhi, também indicado pelo PP, partido de Ricardo Barros.

Quatro empresas saíram vencedoras para fornecer preservativo feminino para o governo federal. Uma com contrato de R$ 740 mil, outra com contrato de R$ 7 milhões, uma terceira com contrato de R$ 11 milhões, e a quarta, grande vencedora do certame, abocanhando um contrato de R$ 68 milhões para fornecimento de “preservativo feminino, material poliuretano OU LÁTEX ou borracha nitrílica”.

Qual era essa empresa? Esta: Precisa Comercialização de Medicamentos Ltda.

Depois de aditivo$, a Precisa já embolsou do governo federal até hoje R$ 86 milhões, cada centavo liberado a partir de janeiro de 2019, ou seja, tudo a partir de e durante o governo de Jair Bolsonaro, que, sobre o envolvimento de Ricardo Barros no negócio Precisa/Covaxin, teria dito, segundo Luis Miranda: “não posso mexer nisso daí, talquei? Vai dar merda”.

Em outubro de 2019, a Agência Aids publicou uma matéria intitulada: “Camisinha feminina distribuída no SUS causa polêmica entre usuárias”.

Motivo: látex.

Esta é a lamentável história dos preservativos femininos da Precisa, de Maximiano e de Ricardo Barros.

Apoie o Come Ananás com Google ou Pix

Fortaleça a imprensa democrática brasileira.

FAÇA UMA ASSINATURA de apoio ao jornalismo do Come Ananás. Mensal ou anual, via Google. Cancele quando quiser. Você também pode fazer uma contribuição única.

OU FAÇA UM PIX de apoio ao Come Ananás, de qualquer valor. Toda contribuição é importante. Esta é a chave Pix do Come Ananás:

pix@comeananas.news

* Assinantes antigos podem gerenciar suas assinaturas de apoio na área do assinante ou no portal do cliente da Stripe.

Deixe um comentário

Deixe um comentário