Augusto Heleno (Foto:. Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag. Brasil).

Em maio, Carlos Bolsonaro mexeu pauzinhos para que o Ministério da Justiça comprasse o software israelense ladrão de dados Pegasus sem participação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Só para a “nossa” Polícia Federal.

O Pegasus já foi usado mundo afora para espionar desde Emanuel Macron a ativistas mexicanos, passando pelo rei do Marrocos e diretores da OMS.

Quando uma reportagem de Lucas Valença no UOL escancarou o objetivo de Carlos Bolsonaro de usar o Pegasus para montar uma “Abin paralela” para inconfessáveis objetivos, usando o MJ e a PF e escanteando o GSI e a Abin oficial, a fabricante do software, uma empresa israelense, pulou fora do certame.

O caso escancarou uma disputa entre um Carlos cada vez mais aloprado e o grupo de militares do general Augusto Heleno por poderio em assuntos de ciberespionagem, infosabotagem, e-gabinete do ódio, essas coisas.

Eis que logo em seguida, em julho, Jair Bolsonaro publica um decreto instituindo a Rede Federal de Gestão de Incidentes Cibernéticos. O decreto é longo. Em resumo, ele centraliza no GSI as respostas – providências e investigações – a qualquer ataque hacker a qualquer órgão do Governo Federal.

Se um hacker ataca, quem sabe, o ConecteSUS, o caso vai agora para a mesa do general Heleno, conhecido pelo zelo com que trata o sigilo do livro de portaria do Palácio do Planalto e outros segredos do Tupinanreich.

Na época, o jornalista Heitor Simões Gomes, também no UOL, deixou no ar a pergunta que ora a imprensa brasileira cala, como se o desgoverno Bolsonaro não se fartasse de dar motivos para fazê-la: em caso de ataque hacker à administração pública, “o que aconteceria se o GSI descobrisse que o tiro partiu da trincheira ao lado?”.

É de 19 de julho o decreto que torna ataques hackers à Saúde e a tudo mais jurisdição do GSI. Dez dias depois, em 29 de julho, Bolsonaro fazia a famosa a live na qual havia prometido apresentar provas de fraudes nas urnas eletrônicas – e, naturalmente, não apresentou nada a não ser o desespero de uma família inteira que ou ganha as eleições, ou mela as eleições ou pode ir para a prisão.

O general e seu absinto

Na última segunda-feira, 13, após dois ataques hackers seguidos a órgãos do Governo Federal, o general Augusto Heleno foi dizendo que “esse tipo de ataque é uma coisa para a qual ninguém está totalmente preparado”, que “ainda não sabemos de onde partiu nem temos maiores informações”, que “estamos monitorando isso”, e foi saindo…

No seio do Tupinanreich, missão dada, pelo visto, de repente não é mais missão cumprida. Deve ser o excesso de Lexotan na veia, remedinho contra a própria alopração.

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1 Comentário

  1. A resposta, óbvia, é NÂO!
    Nos primeiros dias, logo depois do ataque, fui vendo diariamente o desmantelamento do sistema de informações sobre a covid-19 montado pelo “consórcio de veículos de imprensa” para neutralizar as tentativas de Boçalnato e pesadelo, de falar de “uma gripezinha”.
    Durante mais de um ano o sistema de informações do consórcio funcionou, levando a um resultado mais que honroso, levando o país a um índice de mais de 2/3 de esquema vacinal completo, superior aos USA, França e Alemanha, para citar alguns exemplos.
    Eu me perguntando “mas o que faz a Abin?”, “para que serve a Abin?”. Elementar, meu caro Watson, é para isso mesmo que serve a Abin de Heleno e Ramagem. Em poucos dias desfizeram o trabalho de mais de um ano do consórcio, reduzindo a pandemia a “uma gripezinha”, ao ponto de me levar a achar o rito do JN, de divulgar “os números”, como inútil e mais que isso, nocivo. Transformado pelos nada aloprados em uma estúpida fake-news diária. Números ridículos, com uma mera ressalva de que N estados não alimentaram o sistema por conta dos “hackers”.
    Com isso, o comparecimento das pessoas aos postos de vacinação estagnou, convencidos pelo “consórcio”(!) de que “a pandemia acabou”. Estoque de vacinas perto de perder a validade, enquanto os dados do exterior dão conta da aceleração das contaminações pela ômicron, mas no Brasil vivemos felizes, com ridículos 3000 casos em 24 horas, contra 70000, 90000, 100000 nos outros países.
    Aloprados? Certamente não! Levaram um pouco de tempo, mas estão chegando ao resultado esperado. A PF já sabe que o acesso ao ConecteSUS foi aberto pur um usuário do palácio do Planalto, talvez já saibam até em que sala, qual o IP, etc…

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