Foto: Igor Soares/MD.

A imprensa corporativa informa o que qualquer brasileiro atento às forças armadas e à política no Brasil intuiu desde a primeira hora: a resposta hidrófoba do Ministério da Defesa a Luis Roberto Barroso, assinada pelo general Paulo Sergio, foi a mando de Jair Bolsonaro, talvez com o general Braga Netto fazendo as vezes de ajudante de ordens.

Em pleno carnaval em abril, o general Paulo Sergio vestiu-se de general Pazuello: “senhores, é simples: um manda e o outro obedece”.

Já a resposta menos raivosa dada a Barroso pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, o mais um general Luiz Eduardo Ramos, talvez tenha saído apenas e tão somente do cocuruto do alto milico, sem a determinação de ninguém do terceiro andar do Palácio do Planalto.

Pode crer…

Já os clubes Militar, Naval e da Aeronáutica divulgaram também neste domingo, 24, nota conjunta sobre o caso Daniel Silveira/indulto da graça que passou um tanto despercebida pela imprensa corporativa, ofuscada pela nota solo do Clube Militar que pôs as togas dos ministros do Supremo abaixo dos panos de chão, numa certa hierarquia têxtil, por assim dizer.

Na nota conjunta, o general de divisão Eduardo José Barbosa, o almirante de esquadra Luiz Fernando Palmer Fonseca e o major brigadeiro do ar Marco Antonio Carbalo Perez fazem perguntas, “apenas” fazem perguntas, como o Exército “apenas” dirigiu 80 questionamentos sobre as urnas eletrônicas ao TSE:

“Aonde querem chegar alguns Ministros do Supremo? Pretendem enfraquecer nossa democracia? Com que finalidade? Premeditaram essa crise para fazer valer suas indisfarçáveis tendências políticas?”.

E completaram, os reservistas:

“Nós, integrantes dos Clubes Naval, Militar e de Aeronáutica manifestamos incondicional apoio ao Presidente da República em seu esforço para sustentar a democracia e a liberdade de expressão no país”.

O discurso (golpista) está mesmo afinadinho.

Aposentados e inofensivos?

É interessante notar como setores do campo democrático, a maior parte deles, entende que os posicionamentos dos clubes militares são dignos piada, achincalhe, ridicularização.

Até parece que os grupos de pressão formados por militares da reserva não tiveram papel central numa vertente centralíssima que nos conduziram à hodierna Grande Marcha Para Trás: a reação à Comissão da Verdade no governo Dilma Rousseff e a invocação bem-sucedida dos fantasmas da “ameaça comunista” e do “inimigo interno”.

Nem parece que o atual vice-presidente da República, até assumir o cargo, presidia a “Casa da República” – o Clube Militar.

Parece até que o general Barbosa não chefiava, até anteontem, o Comando Militar do Sul; que o almirante Palmer não foi comandante de Operações Navais da Marinha; que o brigadeiro Perez não dirigiu a Academia da Força Aérea e o VII Comando Aéreo Regional.

E o mais importante: como se o Clube Militar não tivesse feito ao longo dos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma o papel de ventríloquo dos altos oficiais da ativa proibidos por lei de se manifestar politicamente.

Não se enganem com os pijamas, assim como não é possível se enganar com o traje civil do general Paulo Sergio na fresquinha foto oficial do novo Ministro da Defesa:

‘Contragolpe’

Como se o principal site brasileiro de notícias sobre Defesa, o DefesaNet, onde em fevereiro o general Sergio Etchegoyen publicou nota sobre “a covardia e a mais abjeta perversidade” da candidatura de Lula; como se o DefesaNet, dizíamos, não tivesse reunido o indulto da graça e as notas do general Paulo Sergio, do general Ramos, do Clube Militar e da “Comissão Interclubes Militares” numa rubrica chamada “contragolpe”.

Sim, no Brasil, essa gente já fala outra vez em “contragolpe”.

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