Cassada por denunciar uma saudação nazista coletiva feita na porta de um quartel da sua cidade, a pequena São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, a agora ex-vereadora Maria Tereza Capra (PT) recebeu mais uma ameaça de morte, por e-mail, no mesmo dia da sua cassação.

A patriótica família miguel-oestina compareceu em peso à Câmara na noite da última sexta-feira, 3, para assistir de camarote à eliminação do nome de Maria Tereza da 17ª Legislatura do município.

As vereadoras catarinenses Ana Lúcia Martins (PT), de Joinville, e Giovana Mondardo (PCdoB), de Criciúma, também receberam e-mails quase idênticos com ameaças de morte, no mesmo dia. Os e-mails foram assinados com o nome de Vanirto Conrad, ex-presidente da Câmara de São Miguel do Oeste e um dos líderes das manifestações golpistas na cidade.

Vanirto Conrad nega que tenha enviado as mensagens: “sou uma pessoa de bem, nunca fui racista. Não sei nem mandar um e-mail”…

Suinocultura

Diz assim um trecho da ameaça enviada a Maria Tereza Capra:

“Não devia ter denunciado os patriotas por fazer a Saudação Romana diante do quartel Maria Tereza. São Miguel do Oeste não é uma cidade nazista, é uma cidade NACIONAL-SOCIALISTA”.

A designação oficial do partido nazista de Hitler era “Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães”.

A diferença entre “uma cidade nazista” e “uma cidade nacional-socialista” é algo como a diferença entre a criação de porcos e a suinocultura, que, aliás, é atividade econômica em expansão em São Miguel do Oeste.

São Miguel, Villa Gesell

No filme “X-Men: first class”, de 2011, Max Eisenhardt entra em um bar da pequena cidade de Villa Gesell, na Argentina, para onde vários nazistas fugiram após o fim do III Reich. Eisenhardt pede uma cerveja e é servido com uma bitsburger. Há dois senhores alemães bebendo e comendo pernil.

Eisenhardt puxa assunto. Um dos alemães diz que se instalou na Argentina por causa do clima: “sou criador de porcos”, diz e gargalha. O outro conta que é alfaiate, “desde menino”. Seu pai, diz ele, fazia os melhores ternos de Dusseldorf. “Meus pais eram de Dusseldorf”, diz Eisenhardt, sorrindo, aproximando-se. O “alfaiate” se anima: “qual era o nome deles?”.

“Eles não tinham nome – responde Eisenhardt, antes de botar pra quebrar – Foi tirado deles por alfaiates e criadores de porcos”.

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