Não se pode bulir com os militares, sob pena de o PT não conseguir governar, nem os militares buliram com as manifestações de novembro e dezembro na porta dos quarteis, muito pelo contrário – e a pena, para o Brasil, foram os ataques terroristas de 8 de janeiro.
Já a vereadora petista Maria Tereza Capra, de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, foi cassada neste sábado, 4, por ter manifestado repúdio à saudação nazista feita coletivamente por uma multidão de miguel-oestinos na porta do 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado no dia 2 de novembro do ano passado, no início dos acampamentos golpistas na frente dos quartéis.
Maria Tereza, que é também presidente do PT no município, vem sofrendo ameaças desde que… condenou o nazismo. Passou a precisar de escolta. É que a patriótica família miguel-oestina ficou muito ofendida com a vereadora porque, naturalmente, não era nazismo coisa nenhuma.
Esta é uma foto do dia 2 de novembro de 2022 tirada em frente ao 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em São Miguel do Oeste:

É que a patriótica família miguel-oestina, se calhar, também só queria arejar o sovaco:
O Ministério Público de Santa Catarina também não viu nazismo nenhum na frente do 14º RC Mec, com base no depoimento de um… policial. E não viu a jato: o MP se posicionou logo no dia seguinte ao ocorrido, no dia 3 de novembro, dizendo que o gesto feito pela multidão foi para “emanar energias”, mais ou menos como Felipe Martins, antigo assessor de Bolsonaro, quis apenas “ajeitar o paletó” numa audiência no Senado, e não fazer um gesto supremacista branco.
Ainda em novembro, a Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste aprovou uma moção de repúdio a Maria Tereza Capra por “propagar notícias falsas e atribuir aos cidadãos de Santa Catarina e ao Município de São Miguel do Oeste o crime de fazer saudação nazista e ser berço de célula neonazista”.
Neste sábado, 11 dos 13 vereadores da cidade, todos homens, votaram pela cassação do mandato de Maria Tereza. O placar foi de 11 a 1, sendo da própria cassada o voto contrário. A vereadora Cristiane Zanatta não apareceu para votar.
Quem primeiro falou em cassação de Maria Tereza Capra foram os vereadores Paulo Drumm e Nélvio Paludo. Entre a moção de repúdio e a cassação da vereadora, Paludo apresentou uma proposição para que a edição de 2023 dos Jogos Abertos de São Miguel do Oeste inclua a modalidade “tiro ao prato americano”.
É que a pequena São Miguel do Oeste, com cerca de 40 mil habitantes e onde, ora veja, uma célula neonazista foi desmantelada há poucos meses, é uma das 29 cidades que fazem parte da “Rota Turística do Tiro de Santa Catarina”. Outra é Joinville, onde também atuava a célula nazi.
Uma terceira cidade da “Rota Turística do Tiro de Santa Catarina” é Jaraguá do Sul, onde o material promocional da maior festa do tiro no Brasil, a Schützenfest, alude à estética nazi. Uma quarta é Blumenau, onde no ano passado apareceu um cartaz crivado de suásticas na frente da prefeitura. Uma quinta é Pomerode, onde o dono de uma piscina azulejada com a suástica está na mira da Justiça.
Uma sexta é a cidade, ora veja, de Caçador, onde a patriótica família caçadorense quis identificar com a estrela do PT o comércio de quem votou em Lula em 2022, como os nazistas marcaram com a estrela da Davi o comércio dos judeus na Noite dos Cristais, em 1938.
E por aí vai. E por aí vamos, se essa rota macabra não for imediatamente corrigida.
PS – Em abril do ano passado, Come Ananás alertou para a urdidura da “Rota Turística do Tiro de Santa Catarina” e seus artífices bizarros. Mas quem se importou? Quem se importa?