Foi apenas um desentendimento que resultou num homicídio com “motivo torpe” em Foz do Iguaçu, segundo a polícia de Ratinho Júnior. Nada além disso. Claro: neste país contaminado pelo bolsofascismo, é sempre tudo um grande mal entendido, em vez de assassinato com motivação política.
Como um assessor de Bolsonaro, Filipe Martins, de jeito nenhum quis fazer o gesto racista que fez numa audiência do Senado da República. Ele apenas ajeitou o paletó.
Como o próprio Bolsonaro, Pedro Guimarães e o atirador Jorge Seif Júnior, numa live, brindaram com copos de leite, à moda dos supremacistas brancos dos EUA, mas apenas para enaltecer o agro e desestimular o consumo de refrigerantes…
Como Adrilles Jorge não fez saudação nazista ao vivo na Jovem Pan, não senhora, não senhor. Ele apenas “se despediu” do público.
Como Jair Bolsonaro jamais instou seu então ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, a boicotar vacinas contra a covid-19 e apostar em cloroquina, em crime de “epidemia com resultado morte”. Era apenas “coisa de internet”.
Como Jair Bolsonaro disse que incitou a “metralhar a petralhada” sem pretender, logo o armamentista-mor, que alguém matasse alguém. Era apenas “no sentido figurado”.
Como “não é sobre armas, é sobre liberdade”, refrão do Movimento Pró-Armas, de extrema-direita, que promoveu uma grande marcha de atiradores bolsonaristas em Brasília no dia em que o dirigente petista Marcelo Arruda foi assassinado em Foz do Iguaçu com dois tiros de “liberdade”.
É que a agitação de CACs é apenas para valorizar o tiro esportivo e garantir o controle de população de… javalis.
E aí, agora, um fascista apenas… matou alguém.
Parabéns, Hugo Souza, jornalista excepcional que honra a profissão, dignificando-a exemplarmente.