Na noite de 14 de dezembro de 1977, o avião Skyvan PA-51 decolou do Aeroparque Jorge Newbery, em Buenos Aires, levando a bordo 12 pessoas sequestradas dias antes pela ditadura da Argentina (1976-1983) e que haviam acabado de passar por torturas na Escola de Mecânica da Armada (ESMA).

Entre estas pessoas estavam três Mães da Praça de Maio: Azucena Villaflor, que foi fundadora do movimento, Esther Ballestrino e María Ponce de Bianco; e duas freiras francesas: Ángela Auad e Léonie Duquet.

Naquela noite, quando o trem de pouso do Skyvan PA-51 desencostou da pista do Aeroparque de Buenos Aires, decolava um dos infames “voos da morte” da ditadura argentina. Minutos depois, as três mães da Praça de Maio, as duas freiras e os outros sete sequestrados foram jogados no mar.

Vendido para um empresa de Luxemburgo após o fim da ditadura, o Skyvan PA-51 foi parar, depois, nos EUA, onde vinha sendo usado para treinamento militar. Em 2010, o avião foi encontrado em Fort Lauderdale, na Flórida, pelo fotógrafo italiano Giancarlo Ceraudo e pela jornalista argentina Miriam Lewin, uma sobrevivente da ESMA.

Começou então, uma longa e tenaz mobilização para trazer o avião de volta à Argentina por iniciativa de descendentes das mães da Praça de Maio assassinadas naquele voo da morte.

No último sábado, 24, mais de 40 anos depois, o trem de pouso do velho Skyvan PA-51 voltou a tocar a pista do Aeroparque Jorge Newbery, onde estiveram, para presenciar a repatriação, o ministro da Economia, Sergio Massa, candidato da Democracia nas eleições presidenciais de outubro próximo, e a vice-presidenta Cristina Kirchner.

Repatriado, o avião irá para o Espaço Memória e Direitos Humanos, instalado no prédio da antiga ESMA.

Prisão perpétua, memória nem tanto

Em 20 de dezembro de 1977, seis dias após aquele voo da morte, vários corpos apareceram nas praias de Santa Teresita e Mar del Tuyú, na província de Buenos Aires. Os corpos foram enterrados sem identificação. As exumações desses corpos, para finalmente identificá-los, começaram em 2003 e terminaram em 2005.

Os corpos de cinco mulheres encontrados nas praias de Santa Teresita e Mar del Tuyú eram de Azucena Villaflor, Esther Ballestrino, María Ponce de Bianco, Ángela Auad e Léonie Duquet.

Os dois pilotos que estavam a bordo daquele voo do Skyvan PA-51 na noite de 14 de dezembro de 1977 foram condenados à prisão. Um ainda está vivo. Trata-se de Alejandro Domingo D’Agostino, que em maio recebeu a notícia de que uma instância recursal da Justiça Argentina confirmou sua condenação à prisão perpétua.

A quatro meses das eleições, o segundo colocado nas pesquisas é Javier Milei, um defensor da ditadura e negacionista do terrorismo de Estado.

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