Lançado em maio de 2022 e até segunda ordem frustrado pela eleição de Luís Inácio Lula da Silva, o chamado “Projeto de Nação – O Brasil em 2035”, plano de poder urdido nos círculos militares, previa pôr fim à leis de proteção indígena que a caserna deliberasse “radicais”, a fim de passar a boiada em reservas consideradas “atrativas” para o latifúndio (“agronegócio”) e para o garimpo (“mineração”).
Veja:

Plano de ditadura reloaded, o “Projeto de Nação” previa vencer um sem número de “óbices” a diretrizes para o Brasil traçadas não pelo poder político, mas pelo poder das armas. Entre os óbices a serem removidos, o “poder midiático e eleitoral do discurso globalista” e “a doutrinação facciosa efetuada por professores”.
O documento foi articulado pelos generais da reserva Eduardo Villas Bôas, ex-chefe do Comando Militar da Amazônia, ex-comandante do Exército, necromante do golpismo de coturno e pai do bolsonarismo militar; e Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-dirigente do grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), ligado ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Nesta quarta-feira, 25, Come Ananás mostrou que 50 anos antes do bolsonarismo militar um “Ustra de Roraima”, com apoio do Exército, insurgiu-se contra “denúncias de um pretenso genocídio ianomâmi” e defendeu o “direito de ir e vir” de garimpeiros.
O lançamento do “Projeto de Nação”, no ano passado, contou com a presença do então vice-presidente da República, Hamilton Mourão. A deputada Joenia Wapichana, futura presidente da Funai, disse nesta quarta ao jornal O Globo que ainda em 2019 alertou Mourão, que era também representante do Conselho da Amazônia, sobre o que estava por vir em território ianomâmi.
Em dias de conspiração golpista, ataques terroristas e insubordinação no comando do Exército, é bom não esquecer da existência do “Projeto de Nação – O Brasil em 2035”. Em dias de indígenas morrendo de fome em áreas atrativas para o “agronegócio” e a “mineração”, tampouco.
Sob risco e pena de mudar de novo o tempo verbal do verbo “prever”.