No dia 30 de março de 2016 uma mulher interpelou com uma palavra o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, no aeroporto de Brasília:
“Traidor”.
Referia-se ao fato de que Paulinho, que nunca foi exatamente um Jedi, havia se aliado com entusiasmo, júbilo e furor ao lado mais sombrio da Força; a Eduardo Cunha na abertura do processo de impeachment, do golpe contra Dilma Rousseff.
Paulinho da Força retrucou chamando a mulher de “ladrona”.
Quando entrou no carro, deixando o aeroporto, o deputado abriu a janela e, num gesto qualificador para uma futura composição de frente ampla democrática, atirou notas de dinheiro ao chão, esmola para a “ladrona” se abaixar e pegar.
Depois do episódio, o Solidariedade divulgou a seguinte nota do seu presidente:
“Quero esclarecer a essa pessoa e ao povo brasileiro que os verdadeiros traidores são a Dilma e o PT, que usaram o dinheiro público e o voto da população para enriquecer. Quem acompanha de perto a política sabe que há denúncias de que os governistas estão pagando pessoas para protestar contra o impeachment e constranger deputados da oposição. Este também pode ser o caso do vídeo, pois a mulher que me perseguiu estava no aeroporto já com o objetivo de criar confusão, como fica claro nas imagens. Dilma e o PT estão roubando o Brasil e quem os defende está ajudando esse governo a continuar a roubalheira”.
Este, no vídeo abaixo, é Paulinho do Lado Sombrio da Força poucos dias depois, cantando na tribuna da Câmara no fatídico 17 de abril de 2016.
“Dilma vai embora que o Brasil não quer você. E leve o Lula junto e os vagabundos do PT”.
‘Tchau, querida’
Nesta segunda-feira, 19, após semanas de conversas, o PT selou aliança com Paulinho da Força para as eleições 2022, mesmo após o deputado ensaiar – quem poderia imaginar? – mais uma traição: no feriado de Páscoa, Paulinho negociou com Ciro Nogueira e com… Aécio Neves.
Uma chantagenzinha básica, as usual, depois das vaias que Paulinho recebeu num evento com Lula e com trabalhadores na semana passada.
Anunciando a consumação da aliança com Paulinho da Força, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o “companheiro Paulinho”, como o “companheiro Alckmin”, é reforço para recuperar o Brasil.
A tarefa de derrotar Bolsonaro nas urnas está lá, no horizonte. A tarefa de recuperar o Brasil vai, aos pouquinhos, sumindo do radar: “tchau, querida”.
