Pata aqui, pata acolá (no USA), o Marreco pintou o caneco

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Data oficialmente de 4 de novembro de 2020 o primeiro trampo de Sergio Moro após a quarentena que tinha que cumprir por ter sido ministro da Justiça do Brasil. Foi um parecer “independente” dado por Moro favoravelmente às alegações de um notório corrupto israelense, o magnata da mineração Beny Steinmetz, contra a brasileira Vale no âmbito de um bilionário litígio internacional.

Este litígio se arrasta há anos. Ele começou após o desmanche em 2014 de uma joint-venture constituída entre a Vale e uma das empresas de Steinmetz, a BSG Resources, para saquear, desculpe, explorar uma gigantesca jazida de minério na Guiné.

Já o parecer de Sergio Moro sobre tão extenso e complexo caso, e pelo qual Moro recebeu nada menos que R$ 200 mil, parece ter sido feito a Jato: no dia 4 de novembro de 2020 fazia apenas 10 dias do fim da quarentena marrequista, durante a qual o Marreco continuou recebendo do Estado seu salário de ministro – então de R$ 31 mil.

Conforme notou Fernando Brito no Tijolaço, então “Moro estudou um caso complexo, que se movia há anos na Justiça de vários países, e redigiu nestes escassos 10 dias a tese que defendeu em 54 páginas”?

Ou então Sergio Moro trabalhou na quarentena para Beny Steinmetz. E quem sabe para quem mais.

Três meses antes do parecer de Moro, em setembro de 2020, três funcionários da Alvarez & Marsal foram nomeados administradores da insolvência da BSGR, precisamente “para proteger a empresa de litígios”. Até hoje, o e-mail de contato disponibilizado no site da empresa de Beny Steinmetz é INS_BSGRL@alvarezandmarsal.com. Menos de um mês após o parecer de Sergio Fernando, a Alvarez & Marsal anunciou a contratação de Moro.

Foi tão estranho, mais este timing envolvendo Sergio Moro, que a Alvarez & Marsal se viu obrigada a soltar a seguinte nota logo após integrar o ex-juiz e ex-ministro como seu sócio-diretor:

“O parecer [feito por Moro para Beny Steinmetz] não é um parecer da A&M e não se tornou um em razão da entrada do Sr. Moro na A&M. O fato de a A&M recrutar e empregar o Sr. Moro não equivale e não deve ser considerado como qualquer aceitação, endosso ou comentário sobre o parecer jurídico ou seu conteúdo. O Sr. Moro não tem obrigação de participar de qualquer assunto, processo ou disputa em andamento relacionado ao parecer jurídico ou ao seu conteúdo e não tem intenção de fazê-lo”.

E seguiu a A&M:

“Além disso, com referência à insolvência da BSG Resources Limited, onde os funcionários da A&M na Inglaterra foram nomeados Administradores Conjuntos, os Administradores Conjuntos consideraram o assunto cuidadosamente e estão convencidos de que neste momento não há ameaça à sua objetividade no desempenho de suas funções”.

Foram ou não foram feitos um para o outro, Sergio Moro e a Alvarez & Marsal, um e outra sempre espanando como se fossem muruçocas as ululantes “ameaças à sua objetividade no desempenho de suas funções”.

E seja lá o que Sergio Moro fez na quarentena, foi apenas comer um pedaço de jenipapo perto do que fez enquanto juiz, como gravar e divulgar conversa telefônica de uma presidente da República com um ex-presidente para, de uma tacada só, fazer deslanchar o processo de deposição de Dilma Rousseff e tirar Lula do processo eleitoral que deu no governo do qual Moro participou.

O Marreco de Maringá, pata aqui, pata acolá, pintou o caneco… tantas fez o moço, e não foi (ainda) pra panela.

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