No último domingo, 1º de dezembro, a Folha de S.Paulo publicou uma reportagem a respeito do “silêncio da direita sobre a trama golpista” - silêncio após a divulgação, dias antes, do inquérito do golpe da Polícia Federal.
Um dos personagens da matéria da Folha, da suposta direita-que-só-agora-foi-saber-do-golpe, é o senador Ciro Nogueira (PP-PI). Nogueira era o ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro quando da tentativa de golpe de Bolsonaro e das Forças Armadas. Um sucessor do general Braga Netto no cargo, com um breve período do general Luiz Eduardo Ramos entre eles. Trocado por Nogueira, Ramos foi parar na Secretaria-Geral da Presidência da República.
No dia 27 de novembro de 2022, com os acampamentos golpistas de pé, com o golpe comendo solto entre o Palácio da Alvorada e a casa de Braga Netto - e com direito a um assessor de Ramos na Secretaria-Geral planejando matar Lula, Alckmin e Moraes -, Ciro Nogueira publicou uma mensagem “misteriosa” no Twitter. Esta:
“Não digam que não avisei. Não foi por falta de alerta. O tempo não para: tic tac tic tac tic tac tic tac…”
Na Jovem Pan, o tuíte causou alvoroço: “qual a mensagem?”
O tuíte de Ciro Nogueira foi postado menos de 10 dias após Braga Netto ter bancado o misterioso primeiro, no gramado do Alvorada, quando disse a uma comitiva dos acampados na frente dos quartéis que “vocês não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar para vocês agora”.
Entre o dia 31 de outubro, dia seguinte ao segundo turno, e o dia 30 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro meteu o pé para Orlando, ninguém, fora a família Bolsonaro, ninguém esteve mais no Palácio da Alvorada do que Braga Netto: 55 vezes. Depois de Braga Netto, os mais frequentes no Alvorada foram os também indiciados por golpe e na época ministros da Justiça, Anderson Torres (21 vezes), e da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira (19).
Outro Nogueira, Ciro, não fica muito atrás: Ciro Nogueira visitou Bolsonaro no Alvorada 13 vezes no período golpista, mais que outro indiciado por golpe, o general Augusto Heleno (11), e mais também que o general Ramos (10).
Diz a matéria da Folha dobre a direita-que-só-agora-foi-saber-do-golpe:
“O senador Ciro Nogueira escreveu nas redes sociais que tem certeza da inocência de Bolsonaro, seu aliado, mas não comentou as revelações”.
Cabra de peia!