Os (Star)links dos filhos de generais
Filho do general Carlos Alberto dos Santos Santos Cruz, Caio Cesar dos Santos Cruz era representante no Brasil da empresa israelense que vendeu o software espião FirstMile para o Governo Federal, ainda no governo Temer. No governo Bolsonaro, do qual Santos Cruz fez parte, o FirstMile foi usado para espionar opositores – e até aliados, por via das dúvidas. No centro da arapongagem estava um ex-assessor de Santos Cruz na Secretaria de Governo, o delegado Alexandre Ramagem, alçado por Bolsonaro a chefe da Abin. Quando a Polícia Federal bateu na porta de Caio, no âmbito da operação Última Milha, um ano atrás, o ex-chefe de Ramagem e pai de Caio saiu em defesa do filho: “nunca houve qualquer ilegalidade no trabalho dele”.
Um ano depois, com o bilionário Elon Musk mobilizando suas empresas para atacar a soberania e as instituições brasileiras, com direito à Starlink enviando carta aos clientes brasileiros prometendo defender a Constituição do Brasil contra Alexandre de Moraes, surge o nome do advogado da Starlink no país: Tomás Filipe Schoeller Paiva, filho do general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante do Exército de Caxias, cuja missão institucional é contribuir para a garantia da soberania nacional, dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, salvaguardando os interesses nacionais. O Exército Brasileiro, que tem um contrato com a Starlink sob suspeita de favorecimento em licitação.
A carta da Starlink aos clientes, prometendo Star Wars contra Moraes, não tem assinatura, mas é Tomás Schoeller Paiva quem assina as comunicações da empresa à Anatel. O Palácio do Planalto teria sido “pego de surpresa” com a informação de que um filho do comandante do Exército Brasileiro trabalha para o bilionário estrangeiro superpoderoso que ora se dedica a tentar provar ao mundo que no Brasil vigora uma “ditadura”, e que essa “ditadura” precisa ser derrubada.
É capaz de o general Tomás Paiva copiar e colar o general Santos Cruz: “nunca houve qualquer ilegalidade no trabalho dele”.
Fulguras, ó Brasil.