O general Mourão e a mais famosa dos anônimos do 8/1
Condenada a 17 de prisão nesta segunda, Ana Priscila Azevedo é ligada a Hamilton Mourão.
A Primeira Turma do STF condenou nesta segunda-feira, 9, a ré Ana Priscila Silva de Azevedo a 17 anos de prisão por associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Para quem não liga o nome à golpista, Ana Priscila é a mulher que gravava vídeos na frente do QG do Exército, em Brasília, prometendo que “nós vamos colapsar o sistema”, “sitiar Brasília”, “tomar o poder de assalto”, tudo às vésperas do 8/1.
É a mulher que no 8/1 filmou-se dentro do Palácio do Planalto sob custódia de soldados do Batalhão da Guarda Presidencial, cercada por eles, mas sorridente, comemorando e fazendo continência, certa de que o Exército Brasileiro não iria faltar nem a ela nem ao golpe.
O golpe não se consumou, mas a prisão de Ana Priscila também não. Não naquele dia. Ela só foi presa dois dias depois, em Luiziânia, Goiás, pela Polícia Federal. No 8/1, quem a tinha sob custódia dentro do Palácio deixou que ela escapasse. Especificamente Ana Priscila Silva de Azevedo.
Ana Priscila Silva de Azevedo é ligada a Antonio Hamilton Martins Mourão, senador ex-vice-presidente da República. Ela e seu marido, Reginaldo Florência Verneque, como mostrou uma reportagem de 2019 do Intercept Brasil.
O casal é próximo do general Paulo Assis, mentor político de Mourão. Segundo o Intercept, Werneck foi a ponte entre Levy Fidélix e Mourão para Mourão se filiar ao PRTB, em 2018, partido pelo qual naquele ano o general seria eleito vice-presidente. Priscila e seu consorte compareceram ao ato de filiação.
Para quem não liga o nome ao consorte, Werneck foi o responsável por um episódio realmente inesquecível: em 2017, depois que Mourão cacarejou a possibilidade de golpe militar se o judiciário não desse conta de “solucionar o problema político”, foi o consorte de Ana Priscila o responsável por erguer, com um munck, no coração de Brasília, um painel de 10 metros de altura em homenagem ao general.
No dia 10 de janeiro de 2023, dia em que Ana Priscila foi presa, Hamilton Mourão foi ao Twitter dizer que a prisão de invasores da Praça dos Três Poderes era coisa “desumana e ilegal” da parte de “marxistas-leninistas”.
Até agora, nem a Polícia Federal, nem a imprensa corporativa parecem interessadas em puxar o fio da relação entre o general Mourão e a mais famosa entre os golpistas anônimos do 8/1.