General Mario Fernandes, o 'ponto focal'
Plano para matar Lula, "Operação Punhal Verde e Amarelo" foi discutida na casa do general Braga Netto no dia seguinte à nota das Forças Armadas em apoio aos acampamentos golpistas.
Em julho de 2018, o general de brigada Mario Fernandes foi nomeado comandante de Operações Especiais do Exército - Kids Pretos.
Por força do mesmo decreto, o general Tomás Paiva foi movido da chefia de gabinete do general Villas Bôas, então comandante do Exército, para o comando da 5ª Divisão da Força Terrestre; o general Freire Gomes foi nomeado comandante militar do Nordeste; o general Estevam Theóphilo virou Subcomandante de Operações Terrestres.
Aquele decreto de 19 de julho de 2018 foi assinado pelo então presidente da República, Michel Temer, e pelo à época ministro da Defesa, general Silva e Luna - o primeiro militar a chefiar a Defesa desde a criação da pasta, em 1999. A nomeação de Silva e Luna para a Defesa foi consequência do apoio do Exército, de Villas Bôas e do seu chefe de gabinete, ao golpe de 2016 contra Dilma Rousseff e ao lawfare contra Lula; foi consequência da volta dos militares, de coturno, ao centro da cena política.
Logo depois, no governo Bolsonaro, Silva e Luna foi nomeado diretor-geral da Itaipu Binacional e depois foi presidente da Petrobras. O general acaba de ser eleito prefeito de Foz do Iguaçu.
No fim de 2022, o general Estevam Theóphilo era comandante de Operações Terrestres e pôs a tropa sob seu comando à disposição da trama golpista de Jair Bolsonaro e do bolsonarismo militar.
O general Freire Gomes era o comandante do Exército quando da trama golpista de Jair Bolsonaro e do bolsonarismo militar. Na época, no dia 11 de novembro de 2022, Freire Gomes e os outros comandantes das Forças Armadas divulgaram uma carta de apoio aos acampamentos golpistas e de ameaça a quem tentasse debelá-los.
O general Tomás Paiva é o atual comandante do Exército, nomeado por Lula.
O general Mario Fernandes, que assinava despachos como “Dirigente Máximo do Comando de Operações Especiais”, depois foi assessor do general Eduardo Ramos na Secretaria de Governo, trabalhando dentro do Palácio do Planalto no governo Bolsonaro. De março de 2023 a março de 2024, foi assessor parlamentar do general-deputado Eduardo Pazuello na Câmara.
Nesta terça-feira, 19, o general Mario Fernandes foi preso no Rio de Janeiro por organizar a “Operação Punhal Verde e Amarelo”, que previa a prisão de Alexandre de Moraes e a execução de Lula e Geraldo Alckmin.
Segundo o inquérito da PF, o plano foi impresso por Fernandes no Palácio do Planalto no dia 9 de novembro de 2022 e discutido, aperfeiçoado, na casa do general Braga Netto no dia 12 de novembro, dia seguinte à nota de Freire Gomes, do almirante Almir Garnier e do brigadeiro Baptista Junior em apoio aos manifestantes golpistas.
O inquérito da PF diz que Mario Fernandes era o “ponto focal do governo Bolsonaro com os manifestantes golpistas”.
Outros três militares do Exército foram presos por participação na “Operação Punhal Verde e Amarelo”. Um deles, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, foi preso desembarcando no Rio, no Galeão, vindo de Manaus, no meio do G20. O operador de plano de matar presidente fez o mesmo itinerário, aliás, feito por Joe Biden nas últimas horas.
Mais cedo, a imprensa chegou a informar que Mario Fernandes estava no Rio para participar da GLO do G20. O Exército, comandado pelo general Tomás Paiva, correu para dizer que não; que o general veio ao Rio para a formatura do filho na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.
O Exército parece saber tudo sobre seus generais, têm seus planos e itinerários na ponta de língua, menos quando planejam assassinar o presidente eleito da República…
NOTA: o texto foi editado para corrigir a informações de que o general Mario Fernandes foi preso no Galeão. Na verdade, o preso no aeroporto foi o tenente-coronel Helio Ferreira Lima.