Exército Brasileiro: braço forte, mão amiga de Elon Musk
A SpaceX e a Starlink, representada no Brasil pelo filho do comandante do Exército, estão construindo centenas de satélites espiões para agência dos EUA que abastece de informações a CIA e a NSA.
No mês passado, pela primeira vez a Agência de Desenvolvimento Espacial do Pentágono usou lasers para transmitir dados na velocidade da luz entre satélites militares. Foi um marco não apenas para o Pentágono, mas também para um certo empreiteiro militar que construiu partes-chave deste novo sistema: Elon Musk.
É o que conta o New York Times em matéria publicada na última quarta-feira, 30, sob o título “Já líder em satélites, SpaceX de Elon Musk entra no jogo da espionagem”.
“Elon Musk parece ser muito egoísta e isso é algo a que realmente precisamos prestar atenção e nos preocupar”, disse um deputado do Partido Democrata ao New York Times, sobre a integração da SpaceX e da Starlink às agências de espionagem e redes militares dos EUA.
“Esse novo trabalho militar acontece enquanto o Sr. Musk tem cada vez mais abraçado e divulgado teorias da conspiração em nome da política partidária - e está ativamente fazendo campanha para Donald Trump - e em contraste com os setores militar e de espionagem, que tradicionalmente se inclinam para o conservadorismo, mas valorizam o decoro”, disse o jornal.
Se os militares dos EUA valorizam mesmo o decoro, como diz o New York Times, bem, tem que perguntar em Abu Ghraib. Já os militares do Brasil, bem, o comandante do Exército Brasileiro, General Tomás Paiva, é pai do advogado da Starlink no país, Tomás Filipe Schoeller Paiva.
O filho do comandante do Exército Brasileiro é funcionário do bilionário estrangeiro empenhado em provar ao mundo a vigência de uma “ditadura brasileira” e, quando o “ditador de toga” imprensou as operações de Musk no país, meses atrás, o Exército Brasileiro se disse dependente da Starlink para patrulhar fronteiras e se comunicar na Amazônia.
Em agosto, os clientes da internet via satélite representada pelo filho do chefe do Exército receberam uma carta na qual a empresa prometia defender, contra o STF, “seus direitos protegidos por sua Constituição”.
A carta da Starlink lembrou a carta “Às instituições e ao povo brasileiro”, com a qual em novembro de 2022 os comandantes militares da época prometeram proteção - contra o STF - às “demandas legais e legítimas”, “nos termos da Constituição”, de quem estava acampado, pedindo golpe, na frente dos quartéis.
Ainda ontem, no governo Bolsonaro, Musk e grão-milicos comiam filé com risoto de parmesão no hotel Fasano Boa Vista.
Naquela altura, um dos autores da carta “Às instituições e ao povo brasileiro” - mas hoje tido como herói da pátria por supostamente não ter embarcado no golpe do bolsonarismo militar -, o brigadeiro Baptista Junior, circulava sorridente com Musk na base de Alcântara, para arregaçar Alcântara para a SpaceX.
Na época, a FAB chegou a publicar um clássico do entreguismo intitulado “Janela brasileira para o espaço é apresentada ao empresário Elon Musk”.
Fotos da época mostram o bilionário que tem a força de países exibindo pendurada no pescoço a Ordem do Mérito da Defesa, concedida a quem, entre outras glórias, “tenha procedido de maneira relevante na manutenção da integridade da Nação Brasileira sob ameaça de grave risco”.
Por falar em risco, voltemos à matéria publicada na última quarta no New York Times. Segundo a matéria, a SpaceX e a Starlink estão construindo e botando na órbita da Terra centenas de satélites espiões para o Escritório Nacional de Reconhecimento dos EUA (NRO, na sigla em inglês), agência que abastece de informações a CIA e a NSA.
O NRO manda seus satélites para o espaço com o desenho de um polvo abraçando o globo terrestre com seus tentáculos, e com os dizeres: "nada está fora do nosso alcance”.
Fundado em 1961, o NRO permaneceu secreto até 1992. De modo que em abril de 2018 a agência já tinha sua existência reconhecida por Washington. Já o Twitter ainda não era de Musk, nem era X, naquela altura, quando o então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, tuitou ameaças ao STF na véspera do julgamento que poderia colocar Lula no páreo contra Bolsonaro na eleições daquele ano.
Mas Villas Bôas não fez isso sozinho. Se hoje Musk constrói partes-chave de satélites espiões dos EUA, em abril de 2018 foi do então chefe de gabinete do comandante do Exército a sugestão do termo-chave daquela ameaça das Armas em forma de tuítes: "repúdio à impunidade".
O chefe de gabinete de Villas Bôas era o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, pai de Tomás Filipe.