Cartaz da Klan paulista quando jovem
Como é que se chega ao ponto de um batalhão policial do interior de São Paulo promover um ritual com saudação nazista e cruz em chamas?
Onze anos atrás, em maio de 2014, a Polícia Militar do Estado de São Paulo fixou nos ônibus de Ribeirão Preto, no interior paulista, cartazes com “dicas de segurança” ilustrados com um desenho que mostrava uma mulher branca caminhando na rua, com um celular na mão, e um homem preto a espreitá-la maleficamente, escondido atrás de um poste.
Os cartazes eram um oferecimento da PM de São Paulo em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp).
Na época, o material foi alvo de denúncia de racismo institucional feita ao Ministério Público por representantes da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).
Os comerciantes e industriais de Ribeirão Preto fizeram como fazem, via de regra, os comerciantes e industriais associados de quaisquer paragens do Brasil, em qualquer tempo, quando a dobradinha entre o dinheiro e a farda revela a sua verdadeira face: lavaram as mãos, dizendo que não tinham responsabilidade pela feitura dos cartazes.
A PM de São Paulo classificou a denúncia como “equivocada e exagerada”, dizendo que a figura do assaltante não era um homem preto, mas apenas uma “silhueta”.
Em 2014, o governador de São Paulo era Geraldo Alckmin e o secretário de Segurança do Estado era Fernando Grella Vieira.
O caso foi parar na Justiça. Em 2015, quando Alckmin já tinha trocado Vieira na Secretária de Segurança por Alexandre de Moraes, a 1ª Vara da Fazenda de Ribeirão Preto obrigou a PM paulista a “não mais veicular a campanha publicitária com ladrão pintado com cor de pele negra”.
Procurada pela imprensa, a PM paulista disse que cumpriria a decisão judicial, que na verdade já tinha recolhido e destruído os cartazes quando houve o ingresso da ação, mas seguiu sustentando que o desenho mostrava apenas “um criminoso envolto nas sombras”.
Naquele ano, um 1º tenente da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a Rota, foi flagrado dizendo ser uma vergonha um policial militar do Estado de São Paulo não matar pelo menos 3 criminosos - silhuetas? - em 5 anos de serviço na rua. O áudio foi divulgado pelo site Ponte Jornalismo e chegou a levar o 1º tenente à prisão, mas só à prisão administrativa e só por algumas horas.
O nome do 1º tenente da Rota era Guilherme Muraro Derrite.
Guilherme Derrite é hoje, ele próprio, secretário de Segurança do Estado de São Paulo. Em dezembro do ano passado, organizações do movimento negro denunciaram Derrite e o governador Tarcísio de Freitas à OEA. O motivo? A escalada da violência policial no estado como expressão do racismo institucional nas corporações policiais paulistas.
Nos últimos dias, a PM de São Paulo executou um imigrante preto no Brás e, em São José do Rio Preto, um batalhão da PM de Tarcísio e Derrite promoveu um ritual supremacista que teve saudação nazista e até uma cruz em chamas, icônico sinal da Ku Klux Klan de que algum homem preto, mais um, estava com os dias contados.
Excelente!
Tarcísio de Freitas, o fascista governador de São Paulo, que quer se passar como um político "esclarecido", sendo ao mesmo tempo bolsonarista e "educado", síntese impossível. Tão ou mais perigoso que Bolsonaro, porque com a mesma posição do Bolsonaro original - com a característica de melhor iludir uma parcela de incautos ao tentar mascarar, disfarçar suas cavernícolas posições. Diga-se que a mídia oligopolista, especialmente avassaladora no Brasil, Rede Globo em primeiro lugar, muito contribui para impulsionar Tarcísio, como já fez durante a campanha ao governo do estado, quando este troglodita teve direito a elogios rasgados, e todos os salamaleques possíveis num execrável "Programa do Bial". Tarcísio é tratado sempre no telejornalismo da Globo com a mesma deferência: o "técnico competente", o "ponderado"; o que inclui a fabricação de uma imagem, vejam só, até de"simpático". Na real é um apoiador de ditaduras, de 64. do oito de janeiro, de malafaias e quejandos. A polícia sob seu comando promove chacinas, e tem um Guilherme Derrite da Klan como secretário de Segurança. Tarcísio e Globo, candidato "limpinho" e mídia "limpinha", parceria "limpinha". Por uma pertinente associação de ideias, me lembram os "saudáveis" e também "limpinhos" rapazes e moças alemães da Juventude Nazista. "Big Brother Brasil" e cruz em chamas em São José do Rio Preto, tudo a ver.