No dia 26 de maio de 2021, após o senador cearense Eduardo Girão cobrar a mesa da CPI da Covid-19, diante das Câmeras, por algo que tinha acabado de ser pacificado em acordo de bastidores com os membros da comissão, o então presidente da CPI, Omar Aziz, apontou para Girão e disse:
“Vossa excelência é um oportunista pequeno. Vossa excelência estava lá, escutou o que nós acordamos. Vossa excelência, desde o primeiro momento, toda a sociedade brasileira que tem inteligência sabe que vossa excelência está aqui com um único objetivo, que é que a gente não investigue porque a gente não comprou vacina. Não entende patavina de saúde, quer impor a cloroquina na cabeça da população. Vossa excelência é um oportunista”.
Oportunista pequeno, mas grande partícipe do genocídio levado a cabo pelo governo Bolsonaro na pandemia da covid. Na CPI, Girão se dizia “independente”, mas, na prática, formava com os colegas Marcos Rogério, Luis Carlos Heinze e Jorginho Mello a tropilha que em rede nacional, dias após dia, defendia cloroquina, “tratamento precoce” e descreditava toda e qualquer medida efetiva contra o vírus.
Em fevereiro do ano passado, Eduardo Girão levou dois médicos negacionistas para as dependências do Senado da República para dizerem que a vacina contra a covid-19 pode causar câncer. Girão, que se diz “pró-vida”, tentou impedir na justiça a vacinação obrigatória de crianças contra a Covid-19 no Ceará. Na CPI, insinuou que a Coronavac era feita com células de fetos abortados.
Às vésperas de mais uma CPI, a do 8/1, Eduardo Girão está nas primeiras posições da fila de parlamentares que podem ter os mandatos cassados e, se investigar à vera, ir parar na prisão. No ano passado, às vésperas do período eleitoral, Girão foi o responsável por uma audiência no Senado para desacreditar as urnas eletrônicas. Foi nesta audiência que um coronel do Exército disse que “é possível que um código malicioso tenha sido inserido na urna e fique lá latente esperando algum tipo de acionamento”.
Depois, com Lula já eleito, Girão voltou a promover uma reunião golpista em pleno Congresso Nacional. A reunião, realizada no dia 30 de novembro, foi uma sessão de inaceitação do resultado da eleição presidencial que contou com as presenças ilustres, na plateia, dos terroristas George Washington Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues – os responsáveis pela tentativa de explodir uma bomba no aeroporto de Brasília na última véspera de Natal.
Naquela sessão, Bismark Fabio Fugazza, sócio do canal “Hipócritas”, do YouTube, ganhou um abraço apertado de Girão após dizer o seguinte no microfone: “a ditadura do judiciário no Brasil está com os dias contados, e o ladrão não sobe a rampa”.
Nesta quinta-feira, 27, em mais uma audiência no Senado para enricar sua ficha corrida, Eduardo Girão tentou entregar um feto de plástico ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio de Almeida, a título de “defesa da vida desde a concepção”, mas, na prática, em defesa de que morram em nome de Jesus as mulheres brasileiras sem condições de acesso ao aborto seguro.

Silvio de Almeida, por seu turno – e brilhante -, não deixou passar a oportunidade de mostrar ao Brasil o quanto é de fato baixo, minúsculo, diminuto, girino o “oportunista pequeno” Eduardo Girão.
O aborto clandestino e inseguro é uma das principais causas de morte materna, castigando especialmente mulheres pobres, negras e indígenas.