A Organização Mundial da Saúde fez um apelo para que os países europeus voltem a adotar medidas não farmacológicas contra a disseminação do novo coronavírus, dois meses após o início do relaxamento ou da suspensão do uso de máscara e do distanciamento físico na Europa Ocidental, o que, segundo a OMS, levou a região a novamente a um “ponto crítico” da pandemia.
“Estamos mais uma vez no epicentro da pandemia. Com o ressurgimento generalizado do vírus, estou pedindo a todas as autoridades de saúde que neste momento reconsiderem cuidadosamente a flexibilização ou suspensão das medidas”, disse o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge, que exortou ainda as autoridades europeias a acelerarem a aplicação de doses de reforço das vacinas contra a covid-19, principalmente para os grupos de risco.
Especialmente alarmante, segundo Kluge, tem sido o rápido aumento de infecções e mortes entre a população mais velha, com as taxas de internação mais que dobrando em uma semana e 75% dos casos fatais voltando a ocorrer em pessoas com 65 anos ou mais.
Hans Kluge afirmou que a Europa pode ter mais 500 mil mortos pela covid-19 até fevereiro de 2022, caso os países europeus sigam derrubando medidas não farmacológicas ou se recusem a adotá-las novamente diante do rápido aumento dos números de casos e internações.
O alerta foi feito para toda a Europa, não obstante haver hoje um abismo vacinal entre a Europa Ocidental e a Europa do Leste. Enquanto há países com mais de 80% da população vacinada, como Portugal e Holanda, outros não chegam a 10%.
Os países com vacinação mais avançada não vêm registrando aumento de mortes no ritmo da disparada dos números de casos e internações, mas a OMS alerta que um surto fora de controle pode se tornar imprevisível também em termos de mortalidade, seja pela grande quantidade de pessoas mais vulneráveis, mesmo vacinadas, seja pela sobrecarga dos sistemas hospitalares, o que já está acontecendo, por exemplo, nos países bálticos.
“As vacinas – disse Hans Kluge – estão cumprindo o que foi prometido: evitar as formas graves da doença e especialmente a mortalidade, mas elas são nosso ativo mais poderoso apenas se usadas em conjunto com medidas sociais e de saúde pública”.