No última sexta-feira, 7, um epidemiologista da Escola de Saúde Pública da Universidade John Hopkins, David Dowdy, tentou refrescar a memória da América, dizendo que, “em meio a grandes picos, não podemos esperar três semanas pelos dados para agir de maneira adequada”.

Referia-se, Dowdy, ao aumento vertiginoso do número de casos de covid-19 nos EUA nas últimas semanas e a um ensinamento de ouro das outras ondas da pandemia: um pico de contágios leva dias para impactar o número de internações e até três semanas para refletir em aumento significativo do número de mortes.

Nos EUA, porém, Mr. Fauci comprou, ou melhor, vendeu a ideia da variante “branda”. O resultado é que, em meio um grande pico de contágio, com direito a um milhão de casos registrados num só dia, os EUA já vivem forte pressão no sistema hospitalar e as curvas de mortes nas regiões do país onde a Ômicron chegou primeiro já empinam feito pipas.

No mesma linha de Dowdy, e no mesmo dia, um dos mais destacados cientistas brasileiros, Miguel Nicolelis, foi ainda mais didático na entrevista que deu ao canal Inconsciente Coletivo:

“É uma coisa muito interessante nos EUA e que acontece no Brasil: o enxugar de gelo. Os casos começam a explodir e as pessoas falam: ‘não, não. A curva de casos não é mais interessante de olhar. Vamos olhar a curva de hospitalizações’. Aí a curva de hospitalizações começa a subir duas semanas depois. Aí vem o Dr. Fauci e diz: ‘não, não. Tem que olhar na curva da UTI’. Aí a curva da UTI começa a subir, e ele: ‘não. É a curva de mortes'”.

“Então – completa Nicolelis – você vai empurrando o problema até os cemitérios não darem conta”.

Vale a pena assistir à entrevista, que Come Ananás disponibiliza mais abaixo. Nela, Miguel Nicolelis fala de outras nuances sobre a covid-19 na era da Ômicron que pouco têm sido abordadas, mesmo pelos médicos e pesquisadores mais consequentes e com espaço na mídia mainstream.

Por exemplo: “essas infecções múltiplas, em que a pessoa tem influenza e covid, esses vírus podem trocar ideias entre si, trocar material genético. Eu não tenho dados para dizer qual é a chance de isso ocorrer em grande escala. Mas é uma possibilidade real”.

Sobre a sinistra possibilidade de abalroamento e interação viral em alguma criatura de Deus, e de um possível “cenário de pesadelo” resultante, seria interessante o leitor dar uma olhada no artigo “Reino Unido terá ‘avian lockdown’ para deter surto de gripe aviária”, publicado neste Come Ananás no fim de novembro.

Aqui, a entrevista de Miguel Nicolelis ao canal Inconsciente Coletivo:

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