Um projeto de lei apresentado há poucos dias na Câmara dos Representantes dos EUA prevê que as empresas de mídia social ofereçam aos seus usuários a opção de desativar os sistemas dessas empresas que decidem o aparece em cada feed de notícias. Um projeto de lei semelhante já tramita também no Senado americano.
Os dois projetos de lei contam com apoio dos altos escalões tanto do Partido Democrata quanto do Partido Republicano. Isto significa que em breve, pelo menos nos EUA, o Facebook pode ser obrigado por força de lei a deixar ao alcance de um clique o desligamento seu famigerado algoritmo, que, segundo uma vasta gama denúncias e estudos, tem sido uma vertente para o fascismo, porque privilegiam, digamos, as “tretas” das piores ideias que dão nas cabeças dos usuários – as que rendem mais curtidas e comentários, ou seja, “engajamento”.
Hoje, o Facebook até que dá esta opção, ou finge que dá. Se você for bom em “Onde está Wally?”, será capaz encontrá-la num minúsculo menu no rodapé do seu feed. Mas ela habilita um feed apenas principalmente, não de todo cronológico. Além disso, se você se desconectar, o algoritmo volta com tudo na próxima vez que você fizer login, e você terá que encontrar Wally outra vez – and again, and again.
Uma vez desligados os algoritmos, cada usuário veria em seu feed de notícias as publicações em ordem cronológica. Não resolveria o problema do conteúdo de ódio, das notícias falsas, mas faria um belíssimo furo nas bolhas mamadeiradepiroqkers, para o pavor de Mark Zuckerberg.
Zuckerberg e seus engenheiros subornados por gordas participação nos lucros justificam o algoritmo dizendo que, sem ele, o conteúdo de ódio e a desinformação seriam um problema ainda maior. Mas uma reportagem publicada nesta segunda-feira, 15, pelo Washington Post, intitulada “Por que o Facebook não permite que você controle seu próprio feed de notícias?”, mostra que, para o Facebook – ou, agora, para a “Meta” – é outro o xis da questão:
“Em 2014, um relatório interno intitulado ‘A classificação do feed é boa’, resumiu os resultados de testes que descobriram que permitir aos usuários desligar o algoritmo os levou a gastar menos tempo em seus feeds de notícias, postar com menos frequência e interagir menos. No final das contas, eles começaram a entrar no Facebook com menos frequência, colocando em risco o crescimento de anos no envolvimento do usuário que há muito impulsiona o lucrativo negócio de publicidade da empresa. Sem um algoritmo para decidir quais postagens mostrar no topo dos feeds dos usuários, concluiu o autor do relatório, cujo nome foi omitido, ‘o Facebook provavelmente estaria encolhendo’”.
Um certo Vladimir Ilitch, que há mais de 100 anos advertiu os incautos sobre a natureza progressiva do capital; sobre o fato de que o capital não pode “esperar” por qualquer contratendência para para ir à luta, para sair parasitando mundo afora; um certo Vladimir Ilitch, dizíamos, não cairia em certos contos da carochinha.
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