Com Eduardo Bolsonaro, os políticos catarinenses Jorginho Mello (governador), Julia Zanatta (deputada federal) e Jorge Seif (senador) seguram bandeira do Movimento Pró-Armas.

Após o assassinato de quatro crianças em uma creche em Blumenau, na semana passada, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), de extrema-direita e ligado ao Movimento Pró-Armas, anunciou nesta segunda-feira, 10, a contratação de “um policial armado para cada escola” estadual catarinense. “Vamos chamar policiais aposentados”, disse o governador.

Vários estudos não encontraram nenhuma associação entre a presença de policiais armados em escolas e a dissuasão da violência.

Quando era senador, Jorginho Mello declarou que obedecia ao fundador do Movimento Pró-Armas, o hoje deputado federal Marcos Pollon (PL-MS):

“Ele [Pollon] é senador, quando eu não estou no gabinete ele assume. Ele vai lá, ele faz emenda. Ele, de forma muito carinhosa; ele que é um dedicado, apaixonado pelo que faz… Então não precisa dizer muito que somos parceiros, ele que manda em mim. E a pauta dele é a minha pauta”.

O Pró-Armas é o maior lobby armamentista do mundo depois da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), dos EUA.

Nos EUA, a NRA financia políticos armamentistas de extrema-direita que defendem a presença de policiais armados em escolas ao mesmo em que fomentam a cultura da violência, do ódio e da paranoia social – substrato dos reiterados ataques em escolas estadunidenses.

Depois de conseguir emplacar homens armados dentro de escolas em vários estados, a título de “segurança”, O NRA vêm conseguindo também introduzir aulas de tiro em ambiente escolar, dadas justamente por agentes aposentados, como os que Jorginho Mello quer pôr, de arma na cintura, nas escolas estaduais catarinenses.

Os alunos de tiro, estudantes secundaristas, o lobby armamentista os chama de “cadetes”.

No Brasil, o Movimento Pró-Armas “elegeu” quase 40 deputados, senadores ou governadores em 2022.

“O que que eu pedi? O que eu pedi não, qual é a exigência do Pro-Armas para todos os candidatos que nós apoiamos? Uma vaga no gabinete. Para quê? Para ter o monitoramento, para que esse tipo de coisa não aconteça. Vai ter um cara nosso lá monitorando e fazendo o briefing de como é que a ideologia e o que o Pro-Armas pensa dessa pauta”, disse em abril do ano passado Marcos Pollon, que foi, ele próprio, o candidato a deputado federal mais votado no Mato Grosso do Sul.

Em Santa Catarina, foram eleitos com apoio ostensivo do Pró-Armas, em troca de adesão ao lobby armamentista, o próprio Jorginho Mello, a deputada Julia Zanatta e o senador Jorge Seif, todos do PL de Jair Bolsonaro.

Na semana passada, na esteira do ataque ataque em Blumenau, parlamentares de extrema-direita e ligados ao Movimento Pró-Armas iniciaram no Congresso Nacional movimentações legislativas para obrigar escolas de todo o país a providenciarem segurança armada. Julia Zanatta protocolou requerimento de urgência para a tramitação de um projeto de lei neste sentido apresentado pelo deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), também ligado ao Pró-Armas.

No texto de justificação do PL, Bilynskyj depreende da previsão constitucional de que segurança e educação são direitos do povo e requisitos para a cidadania que, “em razão disso”, escola é lugar de “vigilância e segurança patrimonial, ostensiva e armada”.

Nesta terça-feira, 11, o UOL informa que Paulo Bilynskyj omitiu da prestação de contas ao TSE o fato de ser sócio de um clube de tiro em São Paulo.

No Senado, Jorge Seif apresentou projeto de lei semelhante, contra o que chamou de “combate à criminalidade no ambiente escolar”.

Em seu PL, o ex-secretário Nacional de Pesca e Aquicultura do governo Bolsonaro propõe que “os Estados poderão utilizar até 25% da receita arrecada com a cobrança de multas de trânsito, para remunerar, na forma que dispuser a lei estadual, policiais civis aposentados ou policiais militares da reserva que venham a ser contratados para realizar ações de segurança pública destinadas a prevenir crimes violentos no interior ou nas imediações de escolas”.

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