Como Jair Bolsonaro é um genocida, é compreensível que ninguém dê muita importância às suas tentativas anuais de provocar um acidente mortal na Via Dutra, no perímetro urbano de Resende, bem em frente ao hotel – eu disse hotel, com agá – de trânsito da Aman, onde as camas são com pés, tradicionais como a família brasileira, e não tatames.
Mesmo sem cones e nubentes no meio da pista, o ponto da Dutra onde Bolsonaro há poucos dias recapitulou a era de Aristides é um ponto de atenção. Isto porque uma longa curva que a estrada faz desde a altura de um autoposto da rede Graal termina precisamente em uma das duas saídas de Resende para a Dutra no sentido São Paulo.
É precisamente ali que a Polícia Rodoviária Federal, pelo segundo ano seguido kissing the bride, improvisa um esquema mequetrefe de redução de velocidade para Bolsonaro receber buzinadas e tchauzinhos não mais de Aristides, mas de algum candidato a Arlindo Orlando – faróis baixos, para-choque duro, bye bye, baby bye bye…
A cena chama igualmente atenção, desviando-a, de quem trafega no outro lado da pista, sentido Rio, onde é necessário ficar ligado porque fica bem ali a principal entrada para a cidade. É o presidente da República agindo tal e qual a Noiva Fantasma, espectro que provoca distração dos motoristas na curva do caixão.

Mas, como ainda há vida neste país, eis que, entre buzinadas de saudação, um “vai tomar no cu”; entre acenos, um dedo do meio para o genocida; entre “mito, mito, mito”, um delicioso “noivinha de Aristides!”, e a noivinha manda uma qualquer dama de honra da PRF ir atrás por “crime de injúria”.
Como injuriada ficou Emily, a Noiva Cadáver do filme de Tim Burton, quando o vivo que ela achava que a tinha pedido em casamento evadiu-se das catacumbas por se recusar a contrair matrimônio – para usar uma expressão na era de Aristides – com a morte.