O esdrúxulo cacique Serere e a gravidade do andar da carruagem

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Nesta segunda-feira, 12, horas após brilhar na cerimônia de diplomação de Luis Inácio Lula da Silva enquanto presidente no TSE, Alexandre de Moraes, agora enquanto ministro do STF, determinou a prisão de um indígena xavante pelos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O que seria mais extravagante?

A PGR de Augusto Aras pedindo a prisão, e não a absolvição, de um agitador bolsonarista?

Alexandre de Moraes, sempre zeloso com o timing de suas decisões, a fim de não dar motivo pra golpista em dia D, mandando prender um esdrúxulo bolsonarista de cocar em Brasília logo no dia da diplomação de Lula?

Pelos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, não teria ninguém melhor, por assim dizer, para prender do que um esdrúxulo bolsonarista de cocar – a direção da Joven Pan News, por exemplo -, já que se arriscou incendiar o Planalto Central no dia da diplomação?

Seria o mesmo que dar um qualquer passo mais resoluto contra o extremismo em horas nevrálgicas por causa do bizarro bisão do QAnon.

Imediatamente após a prisão de Serere, uma turba verde-amarela tentou invadir o edifício sede da Polícia Federal, em Brasília. Também em Brasília, carros e ônibus foram incendiados. PM e PF correram para reforçar o efetivo no entorno do hotel onde Lula está hospedado.

Nada extravagante (ao contrário: muitíssimo previsível) foi a imediata grita dos verdadeiros grandes incitadores de crimes contra a Democracia, dizendo que os autores dos atentados terroristas desta segunda em Brasília foram “operadores treinados de extrema esquerda munidos de dispositivos incendiários”.

Nenhuma surpresa também com o esforço da mídia-avestruz para minimizar os ataques desta segunda em Brasília, dizendo que era “um grupo muito pequeno de radicalizados”. Como se terroristas bolsonaristas, este pleonasmo em franca confirmação, não tivessem por um triz conseguido arremessar um ônibus de um viaduto no coração da capital do país. Talvez estejam à espera de um cadáver para se darem conta, para darem conta ao público sobre a gravidade do andar do busão, ou melhor, da carruagem.

Não surpreende, tampouco, o secretário de Segurança do Distrito Federal dizendo em entrevista coletiva, ao lado de Flavio Dino, que “pessoas estão há meses se manifestando pacificamente, exercendo o seu direito constitucional”, e que o que não pode é violência.

Que o bolsonarismo esteja há meses organizado, mobilizado e atiçado por um golpe de Estado, portanto pró-violência, certamente é só um detalhe irrelevante.

Talvez seja o caso de, além do cartaz “Brazil Was Stolen”, os grandes conspiradores – que não são caciques xavantes – começarem a distribuir na porta de quartéis e do Alvorada uma conhecida t-shirt de Eduardo Bolsonaro com a seguinte inscrição:

“Eu, pacificamente, vou te matar”.

Comentários

Uma resposta

  1. Vendo no Twitter, bolsonaristas dizendo que os atos de ontem em Brasília são típicos de esquerdistas e do mst, que me conste os incendiários são os bolsonaristas, parceiros do ex-ministro do meio ambiente.

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