Na tarde da última terça-feira, 27, a cinco dias do primeiro turno das eleições 2022 no Brasil, uma comitiva da Missão de Observação das Eleições da Organização dos Estados Americanos (OEA) se reuniu com o general-ministro Paulo Sergio Nogueira e pelo menos mais cinco militares fardados na sede do Ministério da Defesa, em Brasília.
Uma nota da Defesa informou que “os representantes do organismo internacional conheceram as propostas formuladas pelas Forças Armadas para aperfeiçoamento da segurança e da transparência do processo eleitoral”.
As “propostas” formuladas pelas Forças Armadas têm servido, como é de conhecimento público, para tumultuar o processo eleitoral no Brasil.
Em sua coluna do dia 17 de julho na Folha de S.Paulo, disse Janio de Freitas:
“O TSE tem sido infeliz em convites recentes. Além da gentileza ao Exército, que virou oportunidade de golpismo, convidou a OEA para observadora. E quem observará os observadores da OEA de Luis Almagro, ainda em ação?”.
Janio de Freitas se referia aos fatos de que a OEA havia acabado de ser convidada pelo então presidente do TSE, Fachin, para monitorar as eleições no Brasil e de que a OEA, de maneira fraudulenta, apontou fraude na eleição na Bolívia em 2019 na qual Evo Morales foi vitorioso em primeiro turno.
A acusação da OEA resultou na maior turbulência política da história recente do país vizinho, com Morales sendo obrigado a renunciar e se exilar em meio a uma onda de violência política. Depois, auditorias da ONU e de duas universidades estadunidenses, sendo Harvard uma delas, atestaram a lisura do pleito.
“Fraudulenta foi a OEA, tão integrante dos domínios americanos quanto o Havaí ou o Alasca”, disse Janio.
Em benefício do otimismo, os EUA, patrões da OEA e ora sub a batuta de Joe Biden, parecem empenhados em respeitar o resultado das eleições de 2022 no Brasil, ao contrário dos EUA sob Donald Trump empenhados em melar as eleições de 2019 na Bolívia. Não é pouca coisa.
Mas a participação da OEA no golpe de 2019 na Bolívia, flagrante na invenção de uma fraude eleitoral, deveria desqualificá-la para observar eleições em qualquer outro país. Ainda mais em um país sob ameaças de golpe sob o pretexto de uma fraude eleitoral inventada; ainda mais com possibilidade de vitória de outro candidato do campo popular em primeiro turno.
E nunca é demais lembrar o inacreditável tuíte de Luis Almagro, ainda presidente da OEA, quando da eleição de um notório fascista para a presidência de um estado membro da organização. Basta comparar com a reação de instituições supranacionais da Europa à eleição, nesta semana, de uma cosplay de Benito Mussolini para a chefia do governo da Itália: