Flavio Bolsonaro (Foto: Foto: Marcos Oliveira /Agência Senado).

Desde que Aécio Neves começou o que começou em 2014, senadores da República estão autorizados a, sem provas, sem indícios que seja, soprar publicamente dúvidas sobre processos eleitorais e tudo ficar por isso mesmo.

De modo que o senador Flávio Bolsonaro poderá dormir tranquilo nesta noite e nas vindouras após a publicação de uma entrevista, nesta quinta-feira, 30, no Estadão, na qual o filho mais velho e coordenador da campanha de reeleição de Jair Bolsonaro diz que o TSE, por não se ajoelhar (não com os dois joelhos) perante as Forças Armadas, “quer dar golpe na democracia”, e que assim “o comandante do Exército, via ministro da Defesa, não pode garantir que as eleições sejam seguras”.

Com a palavra, o comandante do Exército, o ministro da Defesa, após serem desta forma mencionados – como milícia privada – pelo coordenador da campanha de um dos candidatos à presidência da República.

Coordenador, na verdade, de outra coisa, Flávio Bolsonaro também confirmou e esmiuçou, na entrevista ao Estadão, o roteiro do golpe que seu pai vem há meses, se não há anos, anunciando que irá tentar em 2022

O roteiro vai desde as Forças Armadas se prestando ao papel de ator de esquetes de pegadinhas contra o TSE até um levante “antifraude”, pró-Bolsonaro, passando por algum factoide, quem sabe uma “urna de piroca”, algum hacker de Ratanabá atestando “a fragilidade das urnas”, para açular ainda mais os ânimos já buliçosos de colecionadores de espingardas, atiradores e caçadores de javalis.

“O presidente endossa?”, pergunta o repórter Felipe Frazão.

“Como a gente tem controle sobre isso?”, disfarça Flavio Bolsonaro.

“Decretar estado de sítio?”, Felipe volta à carga.

“Isso não está na mesa – blefa o Zero Um – o que está na mesa hoje é que o TSE dê segurança para que o eleitor mais humilde tenha a certeza de que o candidato que escolher vai receber o voto de verdade”.

A rigor, o guião do autogolpe também é fartamente conhecido há meses, se não há anos, em suas linhas gerais. Agora, Flavio Bolsonaro atira-o, com ares mesmo de programa, às fuças dos letárgicos “setores responsáveis deste país”.

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