No Brasil, nem tudo termina em pizza. Às vezes, termina em pato.
Enquanto comiam arroz de pato na casa do senador Tasso Jereissati em Brasília, os integrantes do grupo majoritário da CPI da Covid decidiu na noite desta terça-feira, 19, retirar do relatório final da comissão os indiciamentos de:
Flavio Bolsonaro, por advocacia administrativa;
Silas Malafaia, por incitação ao crime;
Jair Bolsonaro, por genocídio contra a população indígena e homicídio qualificado.
Sobre os livramentos, por assim dizer, de Flavio Bolsonaro e Silas Malafaia, é interessante notar que numa determinada altura da CPI, no plenário da CPI, Flavio desafiou o grupo majoritário a convocar Malafaia para depor: “quero ver se vai ter coragem”.
Coragem…
Sobre a versão final do relatório sem a imputação do presidente da República por crimes com o sufixo latino que exprime ação que provoca morte ou extermínio, isto soa, no frigir dos patos, que Bolsonaro não matou ninguém.
Sacrifica-se assim a força política da comissão por fé de que um relatório sem “exageros” irá prosperar em outras instâncias, resultando na devida responsabilização criminal de Jair Bolsonaro; resultando em justiça. É o que se diz. Haja fé em Miguel Reale Júnior, consultor jurídico da comissão.
As aliviadas para Flávio e Malafaia, porém, indicam outro motivo, outra coisa – com o Aziz, com tudo.
Na manhã desta quarta-feira, 20, um jornalista da GloboNews perguntou ao vivo à senadora Eliziane Gama, que participou no jantar, sobre o que afinal é mais gostoso: o arroz de pato de Tasso Jereissati ou o arroz de Bacalhau de Omar Aziz.
Neste país, tudo se resolve, certo? O noticiário desta manhã dá conta de que, após o arroz de pato, os ânimos se acalmaram na G7 da CPI. Houve acordo, pacificação, convergência. Estão todos felizes e satisfeitos.
Tudo se acomoda, tudo se ajeita, tipo 605 mil brasileiros convergindo a pó, sossegados no ataúde.