Em meio ao esforço do governo Lula para reverter, em parte, a farra armamentista instalada no Brasil pelo governo Bolsonaro, o Congresso Nacional “conservador” reagiu com a criação de uma nova frente parlamentar, a Frente Parlamentar Mista de Proteção aos Colecionadores, Atiradores Desportivos, Caçadores e Clubes de Tiro.
A bancada dos CACs foi lançada no dia 6 de julho, em evento realizado no auditório Freitas Nobre, na Câmara dos Deputados. O estatuto da frente, assinado, registrado e publicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, diz que a criação da associação visa a “defesa dos direitos dos CACs e Clubes de Tiro contra a violência e a tirania”.
A declaração de intenções ecoa justamente os lemas armamentistas do bolsonarismo, que associam muito claramente a posse de armas às disputas políticas, como “não é sobre armas, é sobre liberdade” e “povo armado jamais será escravizado”.
A bancada dos CACs nasce com 198 deputados – 75 deles do PL de Jair Bolsonaro, 48 do União Brasil, 19 do Republicamos, 19 do PP, 13 do PSD, 11 do MDB, três do Avante, dois do Novo, dois do Podemos, dois do PDT, um do PSB, um do Patriota, um do Cidadania e um do Solidariedade.
Estão na bancada dos CACs de Carla Zambelli a Zé Trovão; Rosângela Moro a Tiririca; Bia Kicis a Eduardo Bolsonaro. Estão lá também em “defesa dos CACs contra a tirania” os presidentes das CPIs do 8/1 e do MST, respectivamente Arthur Maia e Zucco; e os líderes das bancadas Evangélica e Ruralista, as mais reacionárias do Congresso, respectivamente Sóstenes Cavalcante e Pedro Lupion.
Está lá também quem não poderia faltar, o deputado Marcos Pollon, fundador do Movimento Pró-Armas, maior agitador armamentista do Brasil, deputado federal mais votado no Mato Grosso do Sul nas eleições 2022. Nesta semana, Pollon afirmou que vai pedir ajuda da bancada ruralista, que tem 300 deputados e 47 senadores, para derrubar o decreto de Lula que pôs fim, em parte, à farra do berro e do pipoco.