“Eu não quero chegar lá e perguntar: ‘com quem ele esteve aqui?’ Não quero”.
Foi assim que o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, explicou porque, em vez de apenas pedir nomes à Polícia Federal, o próprio ministério não está apurando administrativamente tudo o que envolveu as visitas do hacker Walter Delgatti Neto à sede da pasta às vésperas das eleições de 2022, no governo Bolsonaro.
A declaração de Múcio foi dada uma semana atrás, em uma entrevista ao UOL, e não foi a única coisa insólita dita pelo civil de quatro estrelas naquele dia.
Múcio afirmou ainda que, para que haja responsabilizações pela aliança milicos-hacker, é necessário verificar “se a conversa foi comprometedora ou se foi apenas uma procura de informações”.
Além disso, após confirmar várias vezes que Delgatti esteve, sim, no ministério no ano passado, Múcio, batendo na tecla de que “não foi o Exército, foram figuras”, esgrimiu uma inacreditável metáfora futebolística para ilustrar o caso da visita de Delgatti à Defesa:
“Um jogador do seu time comete uma indisciplina. O juiz bota ele para fora, e muitas vezes o time se remotiva, porque é menor, e o outro é maior. E ganha o jogo. Nós estamos querendo ganhar esse jogo, mas para ganhar esse jogo nós precisamos tirar os arbitrários”.
José Múcio Monteiro se referiu ao jogador expulso da sua alegoria boleira como “um jogador indisciplinado do time de cá”. Toda a alegoria é um tanto confusa, ambígua, mas parece que o time de Múcio – “o time de cá” – é o das Forças Armadas, com seus eventuais expulsos por indisciplina.
Qual seria o outro time?
O “maior”.