O 8 de janeiro (Foto: Joedson Alves/Agência Brasil).

É nada menos que impressionante o teor do relatório do primeiro-sargento Beroaldo José de Freitas Júnior, da Polícia Militar de Brasília, sobre a atuação, ou melhor, sobre a não atuação do Exército nos ataques de 8 de janeiro à Praça dos Três Poderes. O depoimento do primeiro-sargento foi revelado neste sábado, 24, pelo UOL.

Relatou o policial:

“O Patamo Alfa combateu na defesa do Palácio do Planalto e na via N1; ficamos obrigados a recuar mesmo contra nossa doutrina, pois fomos superados de forma desproporcional ao efetivo empregado, que era de 10 escudeiros, 02 atiradores e 03 operadores químicos. Durante o recuo nos aproximamos da guarita do Palácio do Planalto, onde um pelotão do Exército Brasileiro encontrava-se pronto e equipado; solicitei ajuda dos mesmos para nos auxiliar contra a turba, mas recebi a seguinte resposta ‘não podemos atuar’, insisti para que pelo menos abrisse a grade/portão de acesso para que o Pelotão de Choque pudesse se abrigar ali e diminuir, mesmo que de forma precária, o ataque ferrenho que enfrentávamos, e, novamente, recebi como resposta que não podiam nos ajudar”.

Diz ainda o UOL:

“Em seu relatório, Beroaldo conta que, diante da recusa do Batalhão de Guarda Presidencial em ajudar na contenção dos manifestantes, ele mesmo chutou um trecho da grade de proteção do Palácio do Planalto para entrar no seu território e abrigar a tropa de choque lá, formando uma linha de defesa em conjunto com os militares do Exército. Logo, porém, os militares recuaram e deixaram a linha de defesa, conforme relatou o policial militar”.

E ainda o PM:

“Já na área (interna) do Palácio do Planalto, onde reorganizamos a tropa e nos salvamos de um massacre certo, com essa atitude, forçamos o Exército a combater os vândalos também. O confronto se intensificou, novamente, por volta das 15h30, momento em que nos cercaram no Palácio do Planalto: o Exército brasileiro acabara por abandonar a linha que anteriormente fizera ao lado do Patamo, uma vez que se afastaram para a retaguarda da tropa devido ao gás lacrimogêneo, por duas vezes isso ocorreu – diante do desespero que tomou conta da tropa do Exército – momento em que fui compelido a tomar algumas atitudes para o oficial à frente da tropa do Exército e falei em alta voz para que comandasse sua tropa e parasse de ‘frouxura’. Reconheço que fora uma medida extrema, a fim de que essa incoerente apatia do oficial do Exército não contaminasse nossa tropa e fôssemos dominados pelo medo e desespero, o que resultaria consequências devastadoras e derrota certa”.

Mas não era “frouxidão”.

Era golpe.

Outro relato revelado pelo UOL, de outro policial militar do DF, dá conta do seguinte:

“Às 21h20 [do 8/1] as tropas [da PM] embarcaram nas viaturas e seguiram em comboio em direção ao SMU, onde efetuamos diversas prisões e não prosseguimos nas operações por intervenção dos militares do Exército Brasileiro subordinados ao Comando Militar do Planalto; ademais permanecemos no local aguardando novas ordens”.

O Brasil precisa, para ontem, realizar a mais importante reconstituição de crime da história recente do país: a reconstituição da cadeia de comando do Exército no 8/1.

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1 Comentário

  1. O Brasil precisa, para ontem, realizar a mais importante reconstituição de crime da história recente do país: a reconstituição da cadeia de comando do Exército no 8/1.

    Desculpe ai, e a mais importante até onde minha vista alcança..

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