Ao arrematar sua coluna de tema diverso deste domingo, 7, na Folha de S.Paulo – o apoio banqueiro à “Carta aos brasileiros”, pela Democracia -, Janio de Freitas trata de tema quem sabe mais espinhoso: a insistente candidatura de Alessandro Molon (PSB) ao Senado da República pelo Rio de Janeiro:
“Pela seriedade desde sempre, o trabalho, a coerência e o bom senso, Alessandro Molon é o melhor congressista do Rio. O PSB, seu partido, e o PT decidiram impedi-lo de candidatar-se ao Senado, como o Rio precisa. O PSB chega à sordidez de negar-lhe o direito ao fundo eleitoral. Os dois partidos combinaram de fazer candidato o petista André Ceciliano, elogiado como presidente da Assembleia. Facilitam a reeleição do ex-jogador Romário, o lamentável”.
“A federação dos bancos abre-se ao país, o PSB e o PT fecham-se ao Rio carente”.
Contra a candidatura de Alessandro Molon ao Senado, sustentada em contradição político-partidária com aquela de André Ceciliano, do PT, dois argumentos vêm sendo esgrimidos: o do campeonato moral entre Molon – e Janio de Freitas por certo o superestima – e Ceciliano e o do acordo firmado entre o PT e o PSB para a composição de chapa no Rio.
Sobre o campeonato moral, trata-se de medição de desgraça entre a forte especulação, em determinado momento, de Molon com o lavajatismo, de um lado, e, de outro, os flertes, para usar um eufemismo, de André Ceciliano com as piores criaturas da política fluminense, incluindo Cláudio Castro e não excluindo a família Bolsonaro.
Neste quesito, digamos, com boa vontade, que há empate técnico.
Mas os que advogam a renúncia da candidatura de Molon ao Senado o fazem eminentemente sob um argumento trissilábico: acordo.
Trata-se do acordo entre o PT e o PSB cujos termos preveem o apoio do PT à candidatura de Marcelo Freixo, do PSB, ao Palácio das Laranjeiras, e, em contrapartida, o apoio do PSB à candidatura de André Ceciliano, do PT, ao Senado.
Ocorre que André Ceciliano, posto que presidente da Assembleia Legislativa do Rio, tem apelo eleitoral próximo da insignificância em cruzamento de bigodes com o candidato do bolsonarismo à câmara alta no Rio de Janeiro – Romário.
Em bom português, Molon é hoje o único candidato do campo democrático capaz de pensar – repetindo: pensar – em derrotar o candidato do fascismo no Rio de Janeiro.
Alessandro Molon negar a existência do acordo – e, portanto, da tentativa perfeitamente legítima de rever os seus termos – é algo que definitivamente não ajuda.
O fato, porém, é que o acordo não está, afinal, de acordo com a perspectiva de um governo Lula em 2023 necessitado de todos os parlamentares possíveis – repetindo: possíveis – para se viabilizar num cenário árido, que é o de um Congresso Nacional repleto de caçadores de javalis, atiradores “esportivos” e colecionadores de espingardas.
Isto se tivermos eleições minimamente normais em outubro.
Mas o que vale é fazer valer as três sílabas do acordo…
Há pessoas que se recusam a entender que há um motivo lógico para que a política não seja coisa lavrada em cartório.
Deixe uma resposta