O Ministério da Defesa anunciou na tarde desta terça-feira, 20, a “ativação” de comandos militares para a operação de Garantia de Votação e Apuração (GVA), que é uma operação de apoio à Justiça Eleitoral no dia da eleição.
Na GVA, militares dão apoio a municípios, em geral pequenos, que identifiquem ameaça à ordem pública ou dificuldades de logística para a realização da votação.
Até agora, 465 municípios solicitaram apoio de segurança, enquanto 120 pediram apoio logístico. Participarão da GVA em 2022 os comandos da Amazônia, Norte, Nordeste, Oeste, Leste e Planalto, além do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) e do Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber). O Ministério da Defesa classifica estes dois últimos como “comandos permanentemente ativados”.
O chefe do ComDCiber é o general Heber Garcia Portella, que foi o representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência das Eleições (CTE) criada por Luis Roberto Barroso no TSE em 2021. Portella foi indicado para a CTE pelo então ministro da Defesa, general Braga Netto, que hoje é candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro.
A CTE foi fartamente usada por Bolsonaro e pelo general Paulo Sergio Nogueira, sucessor de Braga Netto na Defesa, para levantar dúvidas sobre a segurança do sistema brasileiro de votação eletrônica.

O apoio de segurança dado pelos militares à Justiça Eleitoral é um apoio de garantia de segurança, digamos, física das zonas eleitorais, não cibernética.
A GVA é uma operação legítima e corriqueira. Nem legítima, nem corriqueira é a disposição do Ministério da Defesa de usar militares que vão atuar na GVA no dia da eleição para fotografar QR codes de boletins de votação das urnas eletrônicas e enviar as imagens para um comando do Exército Brasileiro baseado no complexo do Forte Marechal Rondon, em Brasília, a 25 quilômetros do prédio do TSE.
Qual comando?
O ComDCiber, central da “apuração paralela” das Forças Armadas.