O militar que aparece em um vídeo tentando ajudar os invasores do Palácio do Planalto a fugirem da polícia é o coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, ninguém menos que o comandante do Batalhão da Guarda Presidencial do Exército (BGP), unidade responsável pela escolta do presidente da República e por impedir tentativas de… invasão do Palácio do Planalto.

A informação consta, sem destaque, no pé de uma matéria publicada nesta quarta-feira, 11, no Estadão. Em outra reportagem do Estadão, publicada nesta quinta-feira, 12, o jornal informa que militares do Exército afirmam que o vídeo foi editado, e que não era intenção do coronel dar fuga aos terroristas.

No vídeo, porém, o comandante da BGP aparece atrás de uma barricada feita com móveis do palácio para retardar a ação policial. Quando os policiais irrompem a barricada, o coronel Fernandes claramente tenta contê-los, fisicamente e aos gritos de “o pessoal tá descendo!”.

Mais: depoimentos de terroristas presos dão conta de que, dentro do palácio, militares pediram para invasores se abaixarem para que pudessem protegê-los da polícia. Há um vídeo que mostra a terrorista Ana Priscila Azevedo, ligada ao general Hamilton Mourão e apontada como uma das líderes de campo da invasão, abaixada, sorridente, comemorando, prestando continência, no meio de um cordão de homens do Exército.

O estado de espírito é bem diferente de quando, depois, Ana Priscila, presa, gravou um áudio em desespero no ginásio da Polícia Federal.

“Por que ela está sob a proteção da polícia?”. Não era da polícia; era do Exército.

Come Ananás mostrou nesta quarta-feira, 11, que há indícios de participação ou instrumentalização do BGP em uma conspiração para obrigar Lula a acionar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem em Brasília, trazendo os militares à cena, à rua, na capital da República, com todas as consequências imprevisíveis de algo assim num momento desse. No domingo, Múcio Monteiro, homem de confiança dos militares, sugeriu a Lula que decretasse GLO. Lula não caiu.

A matéria desta quinta no Estadão escancara que não foi só Anderson Torres que abriu alas para o caos do 8/1, ao promover uma bagunça na cúpula da Segurança Pública do DF e picar a mula para a Flórida.

O que o Estadão revela é mais grave: no dia anterior à invasão da Praça dos Três Poderes, enquanto Flavio Dino mobilizava a Força Nacional para proteger Brasília, o GSI dispensou o reforço da BGP, um pelotão inteiro de 36 homens, deixando de guarda apenas o efetivo usual, sem balas de borracha e outros equipamentos de controle de distúrbio, só com fuzis de munição letal.

Só com fuzis de munição letal: há homens que só querem ver o circo pegar fogo.

O GSI ainda está sob comando de Augusto Heleno? Não. Está sob o comando do general Gonçalves Dias, referido como homem de confiança de Lula. Lula, nesta quinta, disse estar convencido de que no 8/1 a porta do Palácio do Planalto foi “aberta por alguém de dentro”.

Pelo andar das coisas, não tarda para que se confirme a implicação direta de altos militares, com nomes e patentes, nos ataques terroristas do último domingo em Brasília.

O Brasil vive um momento muito delicado.

Mais um.

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