A extrema-direita brasileira vem há anos envenenando a sociedade brasileira com doses diárias de um coquetel de ódio, violência e paranoia. Agora, diante de crianças mortas a golpes de machadinha dentro de uma creche, parte dela tenta se disfarçar com um choro blandicioso de que “túmulo de criança não é palanque”.
“Vamos separar o que é a busca por caminhos para evitar novas tragédias do que é uso politiqueiro do lamentabilíssimo episódio”, diz o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS), fundador do Movimento Pró-Armas, maior organização armamentista do mundo depois da estadunidense NRA.
A título de caminho para evitar novas tragédias, a rodinha do deputado Pollon (PL-MS) está usando o massacre infantil de Blumenau para tentar acelerar a tramitação de um projeto de lei que visa obrigar escolas públicas e particulares de todo o Brasil a requisitarem policiais ou contratarem empresa privada para “serviço de segurança armada para atuar nas questões de segurança do estabelecimento escolar”.
No texto de justificação do PL, depreende-se da previsão constitucional de que segurança e educação são direitos do povo e requisitos para a cidadania que, “em razão disso”, escola é lugar de “vigilância e segurança patrimonial, ostensiva e armada”.
Em ambientes escolares ainda impregnados de OSPB e Educação Moral e Cívica, reprodutores do autoritarismo e que são microcosmos de tudo de pior que marca o Brasil – racismo, abuso de autoridade, violência, repressão, intimidação -, não é necessário tentar imaginar contra quem policiais ou seguranças particulares mais seriam acionados para atuarem de forma “ostensiva e armada” dentro de escolas, sobretudo públicas.
Não é necessário: basta fazer um levantamento dos casos recentes de violência, ameaça, abuso de autoridade e abuso sexual em bolsonaristas escolas “cívico-militares”.
Não é necessário II: basta olhar de perto para o autor do PL 1449/2023, o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), e para a primeira deputada da rodinha da extrema-direita que deu um passo à frente para pedir urgência na tramitação, Julia Zanatta (PL-SC).
O autor do PL 1449/2023 é um ex-delegado que foi expulso da Polícia Civil por protagonizar um vídeo racista e que levou seis tiros da própria namorada, que depois atirou contra o próprio peito, suicidando-se. Bilynskyj é um político armamentista. Sua namorada teve um surto psicótico, e tinha uma arma à mão.
Por falar em mão, a deputada Zanatta acaba de ser denunciada no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por exibir-se, com uma carabina em punho, usando uma camiseta com um desenho da mão esquerda de Lula, sem o mindinho, crivada de balas.
A foto foi feita onde? Em Blumenau.
