Por pouco mais de um ponto percentual de vantagem sobre o candidato de esquerda Jean-Luc Mélenchon, terceiro colocado, Marine Le Pen chegou pela segunda vez consecutiva ao segundo turno das eleições presidenciais na França, de novo para cruzar aquele bigodinho de Hitler com o imberbe e neoliberalíssimo Emmanuel Macron.
O segundo turno será no dia 24 de abril. No primeiro, realizado neste domingo, 10, somados os votos em Marine Le Pen e nos também fascistas Eric Zemmour e Nicolas Dupont-Aignan, nada menos que 11,3 milhões de franceses saíram de casa para votar no fascismo. É quase um terço dos 35,9 milhões de franceses que neste domingo saíram para votar.
Já Macron e Le Pen são parecidos, mas não são iguais.

No primeiro turno da presidencial francesa, Macron teve 27,8% dos votos. Le Pen amealhou 23,1%, ficando apenas 1,2 ponto percentual à frente de Mélenchon, que no Brasil foi classificado pela Globo como de “extrema-esquerda”, basicamente porque teve como ponto central de seu programa a redução da jornada de trabalho.
“Foi por um fio”, diz nesta segunda-feira, 11, o jornal francês Libération, sobre o terceiro lugar de Mélenchon no primeiro turno, com 21,9% dos votos. O Libération destaca em sua capa desta segunda que o jogo no segundo turno para barrar a ascensão do fascismo ao Palácio do Eliseu desta vez será mais duro.

Em 2017, Macron e Le Pen foram para o segundo turno com 24% e 21,3% dos votos, respectivamente. No segundo turno, mesmo com todos os outros melhores colocados na primeira volta declarando apoio a Macron, Le Pen chegou a 33,9%, mas não chegou perto de Macron, que foi eleito com o dobro: 66,1% dos votos.
O Libération desta segunda pontua que a diferença de 2017 para 2022 são os 7% que Zemmour teve neste domingo, que colocaram mais esta figura do fascismo francês na quarta posição e que são reservatório certo para Marine Le Pen no segundo turno.
Mesmo assim, será muito difícil para Le Pen crescer a ponto de superar os 21,9% de votos em Mélenchon que tendem fortemente a virar votos antifascistas em Macron no dia 24 de abril.
Le Pen em sexto lugar em Paris
A chegada de Le Pen, de novo, ao segundo turno na França é uma triste façanha interiorana, alpina-borgonhesa-provençal. Por outro lado, nas três maiores cidades do país, Paris, Marselha e Lyon, Macron venceu em um uma no primeiro turno, Mélenchon em outra, e Macron e Mélenchon empataram na terceira.
Em Paris, Emmanuel Macron teve 35,3% dos votos, seguido de perto não por Marine Le Pen, mas por Jean-Luc Mélenchon, com 30%, e, de longe, por Eric Zemmour, com 8,16%. Na quarta posição ficou o “verde” Yannick Jadot, com 7,6%. Na quinta, Valérie Pecresse, com 6,5%. Na capital francesa, Marine Le Pen teve pífios 5,5% dos votos, ficando em sexto lugar.
Em Marselle, vitória disparada de Mélenchon, com 31.1% dos votos, seguido por Macron (22,6%), Le Pen (20,8%) e Zemmour (11,1%).
Em Lyon, Macron e Mélenchon praticamente empataram, com 31,8% e 31%, respectivamente. Em terceiro e quarto lugares, Le Pen e Zemmour também ficaram muito próximos: 8,9% e 7,6%.
Nesta segunda-feira, porém, na França, as porcentagens que não querem calar são os 4% dos votos que restaram em Fabien Roussel, do Partido Comunista Francês (2,3%), e em Anne Hidalgo, do Partido Socialista (1,7%), no primeiro turno, após um claro movimento de “voto útil” em Mélenchon; e o 1,3% de votos conquistados, na soma, pelos também de esquerda Phillipe Poutou e Nathalie Arthaud.
Esses 5,3% de votos à esquerda são mais de quatro vezes o que faltou para a esquerda chegar ao segundo turno na França, em vez do bigodinho de Hitler.