Carla Zambelli e Carla Vancini, dona da loja No Risk, em evento de tiro (Foto: reprodução/redes sociais).

Um relatório do Coaf que chegou à CPI do 8/1 mostra que o terrorista George Washington de Oliveira Sousa, que planejou explodir uma bomba no aeroporto de Brasília, gastou pelo menos R$ 63 mil em armas em 2022. Come Ananás identificou que pelo menos uma das lojas de armas onde George Washington fez compras, localizada em São Paulo, publicou vídeos de apoio às manifestações que pediam “intervenção” contra a eleição de Lula.

Segundo a Folha de S.Paulo, George Washington fez três depósitos para a loja de armas No Risk, que fica na capital paulista. Os depósitos, feitos em agosto, totalizaram R$ 35 mil. George Washington comprou as armas legalmente, graças aos decretos armamentistas de Jair Bolsonaro e ao registro de CAC – Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador – que ele havia conseguido em 2021.

No início de novembro, logo após o segundo turno das eleições, a No Risk publicou em sua conta no Facebook um vídeo do site argentino La Derecha Diario no qual bolsonaristas aparecem participando de uma manifestação “contra o comunismo”, falando em “eleições fraudadas” e pedindo “intervenção federal” contra a eleição de Lula.

A legenda que a No Risk escreveu para o vídeo diz que “já que a mídia brasileira imunda não divulga, as de fora mostram o que está acontecendo”.

O vídeo foi gravado pelo argentino Giovanni Larosa, que recebeu pagamentos de Eduardo Bolsonaro no ano passado, mas que na verdade é funcionário do seu compatriota Fernando Cerimedo. Cerimedo é dono do La Derecha Diario. Foi ele quem apresentou a live “O Brasil foi roubado”, apontando, sem provas, fraude nas urnas eletrônicas. A live foi transmitida de Buenos Aires no dia 4 de novembro do ano passado, mesmo dia em que a No Risk postou o vídeo de Larosa.

Come Ananás já destrinchou as conexões de Eduardo Bolsonaro com os argentinos responsáveis pela live “O Brasil foi roubado”. A live serviu de combustível para as concentrações golpistas na frente de quartéis, que, por seu turno, serviram de incubadoras para a tentativa de atendado no aeroporto de Brasília e para o ataque do 8/1 à Praça dos Três Poderes.

Em outro vídeo postado no Facebook da No Risk, a dona da loja, Carla Vancini, aparece participando de uma dessas concentrações, na frente do Regimento Deodoro, conhecido como Quartel de Itu, no interior de São Paulo. Carla foi para a manifestação enrolada em uma bandeira do Brasil e usando um boné da No Risk. A legenda do vídeo é: “Nossa bandeira jamais será vermelha!! Deus, pátria e família”.

A No Risk é “embaixadora”, “loja premium partner” no Brasil de uma icônica fabricante de armas dos EUA, a Springfield Armory. A foto abaixo mostra Carla Vancini (à direita) com Dennis Reese, presidente da companhia estadunidense.

Foto: reprodução/redes sociais.

Um terceiro vídeo postado nas redes sociais da No Risk, este de maio de 2022, é uma mensagem da deputada Carla Zambelli para Carla Vancini, a quem Zambelli chama de “Carlinha”. No vídeo, a deputada diz que foi levada à loja No Risk por um homem chamado Alexandre Kayayan, e aproveita para agradecer à sua xará “o carinho de você ter mandado aquela Springfield. Adorei atirar com ela”.

Entre o arsenal apreendido com o terrorista George Washington, quando ele foi preso, estava um fuzil AR-10 calibre 7,62 da Springfield Armory equipado com uma luneta, além de munição de sniper. Em seu site, a No Risk avisa que “atendimento pessoal somente com hora marcada”.

A Springfield Armory nem sempre foi uma uma empresa privada. Ela foi criada em 1777, durante a Revolução Americana, como depósito de armas e munições. A ordem para a criação da Springfield Armory partiu do comandante-em-chefe do Exército Continental: George Washington, o original.

Foto postada em agosto de 2022 no Instagram da Springfield Armory Brasil.

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