No último domingo, 19, o jornalista palestino Belal Jadallah foi morto na Cidade de Gaza pelo exército de Israel. Belal era diretor-geral da organização independente Press House-Palestine, fundada em 2013 para promover a liberdade de expressão, dar apoio à mídia independente e garantir proteção legal a jornalistas que cobrem os territórios palestinos.
Desde o início da ofensiva israelense de destruição da Faixa de Gaza e massacre de milhares de palestinos, em 7 de outubro, na sequencia do ataque do Hamas a Israel, a Press House-Palestine vem dando apoio logístico e tecnológico a jornalistas em Gaza, disponibilizando desde acomodação a equipamentos de proteção.
Este apoio da Press House-Palestine aos jornalistas que estão na Faixa de Gaza é considerado fundamental para que relatos e imagens da carnificina promovida por Israel em Gaza corram o “mundo civilizado”, ainda que não sejam o bastante para que o “mundo civilizado” corra em socorro de Gaza. Agora, seu cabeça está morto – morto por Israel.
No dia 25 de outubro, uma semana após o ministro das Comunicações do sionismo ameaçar fechar a operação da emissora árabe Al Jazeera em Tel Aviv, a esposa, dois filhos, de 15 e sete anos, e um neto do chefe do escritório da Al Jazeera na Faixa de Gaza, Wael Dahdouh, foram mortos num bombardeio de Israel ao campo de refugiados de Nuseirat, na região central de Gaza.
Dois dias depois, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, foi perguntado numa coletiva de imprensa em Washington se os EUA estão preocupados com a possibilidade de Israel ter jornalistas e familiares de jornalistas como alvos na Faixa de Gaza. Kirby respondeu que havia “zero evidência” de que isso estivesse acontecendo.
Agência de pusilanimidade
Belal Jadallah era conhecido como “o padrinho dos jornalistas palestinos”. Ele foi morto por um disparo de um tanque israelense. Seu cunhado, um farmacêutico, ficou gravemente ferido no mesmo ataque. As informações são da irmã e de outros parentes de Belal.
Quatro familiares de Belal Jadallah trabalham para a agência de notícias Reuters. Ao citar o relato da irmã e de outros parentes de Belal sobre a sua morte no último domingo, a Reuters, num espetáculo grotesco de pusilanimidade, disse que “não pôde checar este relato de maneira independente”.
Além de Belal, outros dois jornalistas palestinos foram mortos por Israel na Faixa de Gaza no último fim de semana: Hassouna Sleem e Sary Mansour. Eles foram trucidados em um outro ataque de Israel a um outro campo de refugiados, Bureij, da região central de Gaza.
Atributo não confirmado
Ao todo, já são 44 jornalistas árabes mortos por Israel desde o 7 de outubro: 43 palestinos e um libanês. O libanês, Issam Abdallah, foi morto no dia 13 de outubro também por um disparo de um tanque israelense, na fronteira do Líbano com Israel. Ele foi alvo de soldados israelenses mesmo usando um capacete e um colete estampados com a palavra “PRESS”.
Ao todo, o Estado Terrorista de Israel já matou 13.300 palestinos na Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro, em uma média cruenta de 300 assassinatos por dia. Dos mortos, 5.600 eram crianças. Desde o 7 de outubro, os ataques de Israel a Gaza já deixaram 30 mil feridos, 75% deles crianças ou mulheres. Seis mil palestinos estão desaparecidos sob os escombros sem qualquer chance de socorro, ou seja, mortos também.
Enquanto isso, no autorreferido “mundo civilizado”, indiferença, inércia, omissão. Na expressão “mundo civilizado”, a palavra “civilizado” não pôde ser checada de maneira independente.
Deixe uma resposta