Investigada por abuso de poder econômico em sua cruzada para enterrar o PL das Fake News, a Google acaba de lançar no Brasil uma assim chamada Rede de Treinamento de Jornalistas da Google News Initiative.
O objetivo é “treinar 10 mil jornalistas com foco em profissionais pretos e comunidades locais minorizadas de todas as regiões do Brasil”; a intenção é “treinar grupos de profissionais para que eles apoiem o setor no desenvolvimento dentro do ambiente digital”.
“Após a capacitação, eles irão orientar organizações de notícias, coletivos, eventos e associações, ajudando-os em seus desafios online”, diz ainda a Google, que espera que sua rede, sua verdadeira tarrafa de “capacitação” da mídia não-hegemônica no Brasil alcance 300 redações.
A Google Brasil acaba de lançar também os Laboratórios de Transformação Digital, em parceria com a ANJ (Associação Nacional de Jornais), a Ajor (Associação de Jornalismo Digital), Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas), a ABMD (Associação Brasileira de Mídia Digital) e a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão).
“Serão 300 horas de treinamentos e consultoria, divididos entre 9 laboratórios, que abordarão temas estratégicos, como crescimento de audiência e sustentabilidade financeira. O programa receberá até 250 pequenos e médios veículos jornalísticos do Brasil de forma gratuita”.
A Google também acaba de apresentar no Brasil a ferramenta Diagnóstico de Sustentabilidade Jornalística:
“Visando compreender, medir e habilitar a sustentabilidade dos negócios de notícias, a ferramenta, gratuita e 100% online, processa informações e dados de um negócio jornalístico e provê um diagnóstico detalhado visando a eficiência e desenvolvimento de empresas do ramo”.
A ferramenta Diagnóstico de Sustentabilidade Jornalística é um oferecimento da Google em parceria com a FT Strategies, braço de consultoria do Financial Times, oração matinal do capitalista moderno.
Em 2020, a Google lançou o Startups Lab, em parceria com o Insper, think thank neoliberal que, imagina, não tem fins lucrativos. Trata-se de “um projeto pioneiro no Brasil e no Google para a aceleração de startups jornalísticas, visando estimular o crescimento e a sustentabilidade das empresas nascentes do segmento online”.
Já estão abertas as inscrições para a turma de 2023 do Startups Lab: “serão selecionados até 12 participantes para tirar suas ideias do papel em 8 semanas de mentoria e treinamento, mergulhando em questões fundamentais para o desenvolvimento de um novo negócio jornalístico”.
Nos suis do mundo, umas das maiores corporações do planeta joga a rede em 10 mil jornalistas, 300 redações, 250 pequenos e médios veículos jornalísticos do ambiente digital, tudo em dobradinha com entidades patronais, chocadeiras do neoliberalismo e órgãos de imprensa do grande capital transnacional.
Aí está algo que dificilmente será percebido como abuso de poder econômico, se é que de alguma maneira será percebido.