Em Brasília, como esperado, Jair Bolsonaro transformou em ato de campanha eleitoral o evento oficial da presidência da República de comemoração dos 200 anos da independência do Brasil.
Com direito a comparações e ataques à candidatura de Lula à presidência, inclusive silenciando, no palanque, para deixar ecoar livre o coro da sua laia de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.
Atrás do presidente, a primeira-dama enfileirava sussurros de “amém”, além de ouvir sem ruborizar seu marido puxar outro coro: “imbroxável, imbroxável, imbroxável, imbroxável, imbroxável”.
Do mesmo modo, Bolsonaro baixou o microfone para deixar uma vaia ao Supremo Tribunal Federal ecoar pela esplanada dos ministérios.
É crime eleitoral.
E aí?
Em sua coluna na Folha de S.Paulo do último domingo, 4, disse Janio de Freitas:
“Bolsonaro não poderia estar em disputa eleitoral. Sua candidatura é ilegítima. Os delitos quase diários que enfileira não deixaram de ser delitos por se tornarem aceitos, à força da repetição mas, sobretudo, à falta de que as instituições determinadas pela Constituição — Congresso, Judiciário e Procuradoria-Geral da República à frente — cumpram o seu dever”.
“No Judiciário, os ímpetos de um e de outro não atenuam a passividade da mais que duvidosa conveniência de não ‘desestabilizar’ o país. Sem se indagar que estabilidade seria essa, de um país em devastação geral, nas mãos de um governo delituoso, deliberadamente delituoso”.
“Bolsonaro está em campanha diária, por todo o país, com os recursos dos cofres públicos. A cada dia um ‘evento oficial’ dispensa de gasto. Nossos impostos custeiam o que a maioria não quer. E a essa igualdade de condições estamos forçados a chamar de eleição democrática”.
E aí?