Homem de extrema confiança e ex-assessor palaciano de Jair Bolsonaro, o almirante de esquadra Flavio Augusto Viana Rocha acaba de ser nomeado assessor do comandante da Marinha, Marcos Olsen. A nomeação, assinada por Olsen, foi publicada na última segunda-feira, 13, no Diário Oficial da União.
Flavio Rocha, que é militar da ativa, ocupou a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República de março de 2021 até o fim do governo Bolsonaro. Antes, Rocha havia servido a Bolsonaro na Secretaria de Assuntos Especiais da presidência e chegou chefiar interinamente a Secom, após a saída de Fábio Wajngarten.
Enquanto atuou no governo, o almirante foi classificado pela imprensa como “sombra” de Bolsonaro, por participar de praticamente todas as reuniões do então do presidente; de “homem secreto” de Bolsonaro, por seu protagonismo de bastidores; e de “chanceler paralelo” de Bolsonaro, por fazer mais viagens oficiais ao exterior do que o próprio ministro das Relações Exteriores.
Em junho do ano passado, a repórter Daniela Pinheiro, do UOL, abordou Flávio Rocha em um evento em Lisboa, no âmbito de uma das muitas missões internacionais do almirante. Perguntado pela repórter sobre a hipótese de Bolsonaro não conseguir se reeleger, Rocha respondeu o seguinte:
“Se perder, em dois anos a desgraça será muito grande. Porque o Bolsonaro estava fazendo as coisas que o Temer começou, tipo reforma trabalhista, teto de gastos, o Brasil estava caminhando. E Lula vai parar tudo o que ele fez. Vai desfazer item por item. Eu não admito a mídia apoiar um ladrão desses”.
Além de viajar mais do que o ex-chanceler Carlos França, Flavio Rocha, enquanto esteve no governo, também foi e voltou do exterior mais do que o também almirante e ex-ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque, que mesmo antes do episódio das joias da Arábia Saudita já vinha sendo monitorado pela Receita Federal por sua agitada agenda oficial no estrangeiro.
Levantamento feito por Come Ananás com base em dados do Portal da Transparência do Governo Federal mostra que Bento Albuquerque fez 23 viagens internacionais como ministro, entre 2019 e 2022. Flavio Rocha fez 24, a serviço da Presidência da República, e num intervalo menor, entre agosto de 2020 e o final de 2022.
Entre e maio e junho do ano passado, Flavio Rocha chefiou uma grande comitiva agro-armamentista brasileira que ao longo de 20 dias percorreu nove países do Oriente Médio, entre eles a Arábia Saudita, e dois do Leste Europeu. Toda a viagem aconteceu em um avião da FAB. No meio da viagem, Flavio Rocha recebeu o reforço de Eduardo Bolsonaro para uma reunião com representantes do fundo soberano Mubadala.
As “joias das arábias” que o almirante Bento Albuquerque trouxe para Bolsonaro em 2021 vêm sendo apontadas como possível propina pela venda subfaturada da refinaria Landulpho Alves, na Bahia, para o fundo Mubadala. Porém, o Mubadala, posto que árabe, não é saudita, mas sim dos Emirados Árabes Unidos.
A última viagem oficial de Flavio Rocha a serviço do governo Bolsonaro aconteceu no fim de outubro de 2022. O almirante foi para a Arábia Saudita, só para variar um pouco…