O negacionista Luis Carlos Heinze (Foto: Pedro França/Agência Senado).

Nesta terça-feira, 26, quando Renan Calheiros deu de presente a Luis Carlos Heinze o posto de octogésimo primeiro indiciado no relatório da CPI da Pandemia, na cobertura ao vivo da CPI a tarimbada jornalista Mônica Waldvogel saiu em socorro do mais notório negacionista do Senado da República: “foi um exagero”, porque Heinze tem imunidade parlamentar para dizer o que quiser e isso são ossos do ofício.

Na GloboNews, Waldvogel espantou-se com a rapidez com que o senador Alessandro Vieira pediu a Renan a inclusão de Heinze na lista de indiciados, e com a imediata concordância do relator, após Heinze ler seu voto separado crivado de mentiras sobre a pandemia, coroando seis meses de aparições em rede nacional exortando as pessoas ao caminho do “tratamento precoce” – da morte.

Pode tirar o baio da chuva quem acreditou mesmo que a tal da História conseguiu dar lições amplamente assimiladas sobre pronta e enérgica resposta às espécies – as piores, mas tidas como “folclóricas” – que vão beliscando pelas beiradas os fundamentos da República e da Democracia, até que chegam, tipo, à presidência da República.

Luis Carlos Heinze não irá disputar o Palácio do Planalto, mas é candidato ao Palácio Piratini, que já foi ocupado por democratas do naipe de Leonel Brizola, Olívio Dutra e Tarso Genro, e que é peça importante no xadrez da política nacional, vide o terceiravier Eduardo Leite.

Luis Carlos Heinze não é personagem do folclore gaúcho. Você não irá encontrá-lo como verbete de um dicionário de Câmara Cascudo. Ao contrário. Ruralista, fazendeiro, arrozeiro, inimigo dos sem-terra, dos sem-nada, Heinze é o próprio estancieiro rico e perverso que surrou o Negrinho do Pastoreio e entregou às formigas o corpo semimorto do escravo.

Nesta terça, após poucas horas do presente de Renan Calheiros a Luis Carlos Heinze, após outras reações claudicantes na mídia, após jogos de gabinete e de coleguismo, o nome de Heinze foi retirado do relatório da CPI da Pandemia de maneira tão fulminante quanto como entrou: o próprio Alessandro Vieira pediu a Renan Calheiros que tomasse o presente de volta. Vieira justificou o recuo dizendo que “não se gasta vela boa com defunto ruim”.

Quando? Quando este país irá aprender que o que não mata o fascismo, engorda-o?

No Dicionário do Folclore Brasileiro, de Câmara Cascudo, no verbete Negrinho do Pastoreio, consta que, na lenda compensadora do seu martírio, o escravo morto vaga pelos pampas invisível, mas audível, montando um baio. Ele é afilhado de Nossa Senhora e a quem lhe promete cotos de velas o Negrinho do Pastoreio faz encontrar os objetos perdidos.

“Negrinho, acendo essa vela pra ti, para que me ajudes a encontrar o que perdi”.

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